Academia do Papo

                                       
PEQUENAS NOTAS
                                                                                                                                                                  
Caetano Veloso, Cesária Évora e nossa música longe
 
Prof. Msc. Paulo Fernando de Oliveira Pires

            Ouço agora pela Sky uma canção do final dos anos 1960, autoria de Alcivando Luz e Carlos Coqueijo que tem como título: É preciso perdoar. O tema é linear, com variações harmônicas quase imperceptíveis. Todavia, há na canção uma beleza grandiosa porque, simples como foi construída, pode-se sentir o casamento perfeito da música com a letra, numa combinação inseparável do corpo com o espírito. Meus amigos Antônio Roberto e Clovis Bittencourt (este último vivendo muito tempo em salvador até concluir seu curso de Medicina), conhecem por demais a obra, até porque em 1973 João Gilberto a gravou na perspectiva do seu inconfundível estilo. 
            Gosto muito da interpretação de João, mas devo reconhecer que se Alcivando e Carlos Coqueijo estivessem vivos certamente aplaudiriam essa releitura feita por Caetano e a grande Cesária Évora. Mais ainda: Adorariam a mudança de ritmo que eles deram ao tema e ficariam fascinados pela inserção dos versos em inglês que o Caetano magistralmente soube colocar.
            Caetano é baiano de Santo Amaro e Cesária nasceu cabo-verdiana (da cidade de Mindelo). Os dois cantam originalmente em português com leves diferenças no sotaque. Caetano está se aproximando dos 70 anos e Cesária completará os seus no próximo dia 27 de agosto. Ambos exibem pulmões de garotos. Caetano, que ao contrário de Gil, parece não ter nenhum problema com a voz, faz inflexões muito interessantes no seu canto. Cesária nem precisa, a voz da Diva dos Pés Descalços é garantia natural de coloridos vocais inesperados.
            A impressão que fica ouvindo-os é que a música brasileira realmente é show de bola. O que não presta no País é a Mídia. Mídia pé de chinelo, cheia de jabá, comprometida até a medula com mediocridades.
            A propósito, o maestro Julio Medaglia ao ser perguntado em recente entrevista sobre “o que está havendo com a música popular brasileira?” foi rápido e caceteiro. Respondeu: “Com a música popular brasileira não está havendo nada. Ela está muito boa. Está havendo problema é com a nossa Mídia. Essa sim está cheia de problemas”. Eu diria que o mais imoral relaciona-se à questão do Jabá. Jabá?   Sim. Todos os músicos sabem o que significa o Jabá na música (dinheiro pago pelas gravadoras aos programadores para tocarem só as porqueiras que eles entendem que o Povo vai gostar). 
            Como o Povo não tem escolha, dana-se a ouvir obras discutíveis e de tanto ouvi-las fica condicionado igualzinho ao cachorro de Pavlov. Reflexo condicionado foi uma contribuição experimental feita pelo médico russo [Ivan Pavlov] e até hoje parece não haver contestação à sua tese. Com a música brasileira, ou melhor, com a música brasileira ouvida pelo Povo, ocorre o mesmo. De tanto empurrar “bombas” no ouvido do Povão, este se acostumou e o “uso do cachimbo fez a boca ficar torta”. Nossa Mídia não respeita o  Povo.
            Muita gente sabe que em diversas ocasiões música funciona como terapia. Quando vimos ou vemos pessoas ouvindo música de boa qualidade, podemos dizer que estão fazendo terapia de luxo (música de boa qualidade realmente é luxo). Mas, se ao contrário, encontrarmos pessoas ouvindo música de baixa qualidade, o que seria terapia de luxo, transforma-se em terapia de lixo. E é isso que está ocorrendo no Brasil. Não por falta de talentos. Mas por falta de caráter dos nossos Programadores, nossos homens de Mídia.
            Há uma bela produção musical no Brasil. Curioso é que grandes artistas, excelentes compositores, vivam à margem dos veículos de comunicação (não se sabe até hoje, além do dinheiro, o que causa tanta ojeriza aos donos desses veículos), deixando o Povo brasileiro sem contato com obras que efetivamente revelem nosso ethos nos seus caracteres mais profundos. Esse espectro cultural maravilhoso, imprescindível fio condutor para compreendermos melhor o pathos de nossa existência deixa de mostrar o lado sublime de nossas inquietudes, porque o trocaram por expressões pseudo-estéticas que só fazem atoleimar nossas contradições e afirmações humanas. Não é difícil entender. Repugnante é ter que conviver com isso sem esboçar tons de revolta.
            Dizia o bom poeta Thiago de Mello: “Faz escuro, mas eu canto”. Não adianta querer tapar o sol com peneiras. Ele nascerá de qualquer modo. Nesse dia, será possível cantar bem alto os inesquecíveis versos de Zé Kéti no show Opinião apresentado no Teatro de mesmo nome no Rio de Janeiro [1965].  Zé, Nara e João do Valle fazendo duras críticas ao Sistema, cantavam: “Podem me bater, me joguem no chão, mas eu não mudo de opinião”. É isso aí... Não adianta esconder. Mesmo na morte, o sol nascerá: Viva o grande Billy Blanco...

            




PEQUENAS NOTAS 
Tudo acaba bem quando começa bem


Paulo Fernando de Oliveira Pires
Coordenador do Curso de Ciências Contábeis
 da UESB


O vídeo com pronunciamento da professora Amanda Gurgel do Rio Grande do Norte exibido pelo You Tube está dando o que falar. Não podia ser diferente. A sinceridade, a eloqüência, os dados reais, as imagens verdadeiras e as cenas descritas pela pedagoga provocam impressões fortíssimas em quem o assiste.  É pungente e verdadeiro. Não diria verdadeiro demais porque a verdade nunca excede. Somos uma Nação jovem com um povo jovem e um grande defeito: A maioria das nossas estruturas ainda não está preparada para atender a um mundo complexo que requer e exige dignidade, agilidade, compromisso e menos veleidades. Percebemos isso quando terminamos de assistir a fala da professora.  Chegamos a uma óbvia constatação: Nossos erros ainda estão muito presentes, nossas falhas são muito gritantes e os defeitos de nosso passado parecem nos perseguir como espectros da maldição de começar mal aquilo que deveria ter sido feito buscando o bem (tendo a perfeição como meta).

            A professora expõe sobre suas angústias, aflições pessoais e sociais.  Sua voz revela intensa carga emotiva juntando preocupação, sinceridade, dignidade e compromisso com o País. Pela fisionomia a mestra deve ser uma pessoa com pouco mais (se tiver) de trinta anos. Diria à colega, que infelizmente nossa Educação vai de mal a pior e dá-nos impressão de ser assim porque já começou cheia de vícios e erros desde a formação do primeiro Ministério, [14 de novembro de 1930]. Observem que só depois de 430 anos o Brasil teve instalado seu Ministério da Educação, que à época cuidava também da Saúde.

Os problemas começaram no nascedouro. Desde o início prevaleceram interesses que raramente se relacionavam com o aprimoramento da Educação. Os homens que idealizaram nosso primeiro Ministério já entraram no processo transformando o órgão [e a Educação] em uma disputa política. Eram movidos por questões onde o Poder Político e não a excelência Educacional constituía-se como ponto central da peleja. De um lado o senhor Francisco Campos, do outro Anísio Teixeira e Gustavo Capanema, mais adiante Lourenço Filho. Paralelo a eles estava o eminente professor Fernando Azevedo e outros que pareciam pouco afeitos a uma convergência para qualificar nossa Educação. Apesar de bem intencionados esses senhores jamais conseguiam se entender. Todos eles, homens de reconhecido valor, carregavam  um problema seriíssimo: Incapacidade para abrir mão de suas vaidades e ambições pessoais. Essas se fossem abandonadas permitiriam mesmo nas divergências, oportunidade para criação de um Sistema Educacional aprimorado, para onde confluiriam as melhores idéias e as melhores contribuições de cada um. Lamentavelmente as brigas, as intrigas e o jogo do poder político jamais permitiram isso e o resultado é o que se vê hoje. Como disse o imprescindível Shakespeare “tudo acaba bem quando começa bem”. Não é [ou foi] o caso da Educação brasileira.


Política em Conquista – 2012

            Ano que vem – pelo visto - teremos uma das campanhas mais disputadas de todos os tempos para a Prefeitura de Vitória da Conquista. Doutor Guilherme, firme como um jequitibá mantém-se tranqüilo no posto de Prefeito, tendo em torno de si quase todo o PT e parece ser o candidato natural da Legenda. Os que ainda relutam sobre a candidatura do atual Prefeito sabem que tentar emplacar outro nome que não seja o dele, não é apenas uma temeridade política, é uma imprudência filosófica a que nenhum Partido pode se dar ao luxo de cometer. Outro ponto positivo para o Partido dos Trabalhadores é que na hora do “vamos ver” o pessoal se une em torno do nome tirado pelo Diretório e estamos conversados. Claro que há alguns segmentos dentro da Legenda que fazem certas restrições aos relacionamentos que lhes são dispensados pelo Prefeito, mas ainda assim ao ser declarado o candidato, todos se unem em torno do nome escolhido.

            Fontes autorizadas dão conta que o PMDB marchará com o nome sempre forte de Herzem Gusmão. O PSDB sai com o professor Claudionor Dutra e agora há um nome que está sendo cogitado: Doutor Valverde. No caso deste último, trata-se também de excelente nome com relevantes serviços prestados à nossa comunidade e uma inserção social das maiores em nosso meio. Contra ele pesam a pouca experiência política e a baixa densidade eleitoral. Se o médico Valverde fosse uma pessoa que declinasse seu nome ou estivesse filiado a um Partido há mais tempo, diria que Conquista lhe conferiria excelente votação. O dado real é que até 2012, muita água vai correr debaixo da ponte e outros nomes podem surgir. Um fato que ninguém pode esquecer é que no atual cenário Guilherme Menezes, nosso Prefeito, sai disparado por conta da tradição política, contribuição administrativa e um carisma pessoal raríssimo entre nossos políticos. Outro aspecto considerável  é que até setembro do ano que vem, o Prefeito tem uma série de obras para inaugurar, todas da maior relevância e grande impacto na estrutura urbana da cidade.  Algumas dessas obras (com prazo de mais ou menos um ano para serem realizadas) trarão enormes benefícios sociais e, portanto, se constituirão em verdadeiras catapultas eleitorais para quem está no Poder. Quem viver verá.












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Pisada na bola








            A morte de Bin Laden está recheada de mistérios. Os EUA mandam meia dúzia de helicópteros, mais de vinte militares de altíssimo nível, cada um deles equipado como fosse cyborg, os “ômi” entram no Paquistão, o Governo local disse que não os viu, pousam na cidade Abbottabad ou Balalabad (o nome da cidade nem importa, pois todas terminam com um BAD no final) e eis que o famoso terrorista saudista é pego com uma das três mulheres (parece que os árabes são meio tarados) em um quarto do terceiro andar da casa onde estava e que ninguém sabia que ele morava lá. Até aí a coisa é verossímil. O que não deixa de ser surpreendente é que ao ser flagrado desarmado, o homem que derrubou as torres gêmeas americanas não esboçou reação e mesmo assim caiu na bala. Por que fizeram isso? Por quê? Tinham medo do que ele ia falar em um Tribunal?
            Todos que conhecem um pouco da história americana sabem que a grande Nação do Norte sempre se proclamou como a Terra da Liberdade, da Justiça, dos Direitos Civis, dos Direitos Humanos.  Por que então mataram o Bin Laden sem lhes dar direito a um Júri, tipo de Nuremberg, onde ele sem nenhuma dúvida seria condenado a todos os tipos de penas? Cadê a capacidade de diálogo dos filhos de Tio Sam? O fato é que evitaram o diálogo Nuremberg e optaram pelo diálogo Hiroshima-Nagasaki. A coisa foi feia...
            Muitos (principalmente os italianos) estão a repetir: É inconcebível que uma Nação da grandeza dos EUA tenha esquecido a função dialógica da Moral, da Ética e da Política para tratar de assunto como este (mesmo considerando que Bin Laden representa apenas um grupo subnacional, posto que   nenhuma Nação islâmica se diz representada por ele). Exigia-se, neste caso, que o tratamento a  ser dado a um sujeito dessa natureza o ideal seria adotar procedimentos diferentes dos seus métodos e, mais ainda: A Civilização condena com veemência atos de terrorismo sejam eles de indivíduos, de grupos ou de Estado. Ao cabo ninguém ficou satisfeito com a ação dos comandados de Barack Obama. Mas a coisa continua difusa, pouco esclarecida e,
            A confusão está no ar. Ontem dois jornais ingleses entrevistaram um árabe, ex-companheiro de Bin Laden, que afirmou sobre a morte do saudita há mais de cinco anos. E aí? O que dizer agora? Pior e tão comprometedor é sermos informados que logo após terem executado o terrorista saudista o corpo foi jogado no mar. Em outras palavras: Bin Laden está morto, mas ninguém sabe, ninguém viu. Exceto os militares que meteram bala “no cabra”. Muita gente pelo mundo está se perguntando se o pegaram ou não. É verdade?
            Essa história (ou seria estória?) vai rolar...
            Quando pegaram Sadam Hussein, o ditador iraquiano estava em um buraco, todo escangalhado, sujo, fedorento, barbudo. As televisões de todo o Planeta tiveram acesso às suas imagens e posteriormente, após o julgamento em seu próprio país, o velho Sadam foi enforcado e todos viram os seus momentos finais (antes de morrer proferiu como últimas palavras: “Vão pro Inferno!”). Ao assistir aquele macabro show, desliguei a televisão fui até a geladeira e bebi um suco de pêssego bem gelado.
            Mas com Bin Laden a coisa está esquisita. A gente não viu o velho Bin caindo na bala. (embora todos os militares tivessem uma câmara em seus capacetes especiais). Não se trata de desejo mórbido, mas sim de uma noção do que aconteceu naquele terceiro andar, naquele lugar distante, longe de todos ou quase todos.  Enquanto o governo americano não colocar as imagens do saudita prá o mundo ver a dúvida vai persistir.
            No dia em que pegaram Lampião e Maria Bonita, passaram o facão no pescoço dos dois e até hoje as cabeças dos cangaceiros estão aí para a população ver.  Quando pegaram o valoroso Tiradentes, arrancaram-lhe a cabeça, os braços, esquartejaram o Alferes, penduraram os pedaços em postes (e ainda salgaram a casa). Ninguém teve dúvida de que a coisa foi feita e foi prá valer. Lamarca caiu na bala e todo mundo viu, todo mundo soube quando, onde e como.  Antônio Conselheiro também foi outro que caiu na pistola e todo mundo sabe o que aconteceu em Canudos. A cena final contada por Euclides da Cunha é pungente. Mas e o Bin Laden? Por que os americanos não lhe enviaram para um Tribunal? Ou mesmo considerando que o tenham matado, porque imediatamente jogaram o corpo no mar? Quer saber? Acho que nossos irmãos do norte deram uma grande pisada na bola. Isso mesmo, uma grande Pisada na Bola. Justamente uma Nação que prima pela Liberdade de Expressão e Informação. Pisada na bola e das feias...



 


BREVES COMENTÁRIOS DESTINADOS AO AMIGO NORBERTO AURICH


Mestre Norberto Aurich

Antes de qualquer coisa, minhas saudações extensivas aos demais amigos (Cláudio Cordeiro, Raul Ferraz e Herzem Gusmão):

Em relação aos números apresentados pelo eminente Economista, diria aos amigos, que se trata de uma análise meramente monetarista focada no Endividamento.

Se a análise do renomado profissional utilizasse a Metodologia Estruturalista ou Funcionalista (ou ambas) seria fácil verificar que os seus argumentos  não são consistentes tanto quanto querem parecer.

O que ainda deixa o Brasil em ritmo inferior ao que deveria estar, por exemplo, é a Educação e não as Obrigações Financeiras.

Dívida Interna e Externa são indicadores que pouco dizem sobre a Estrutura de um País. Principalmente em nosso caso, cujo PIB quadruplicou, nossas relações comerciais (Foreing Officer) quase decuplicaram (porque redirecionamos o FOCO DE NOSSAS REALAÇÕES) e não ficamos mais dependentes da clientela  norte-americana (até para o Irã ano passado exportamos 5 bilhões de dólares, embora os críticos do governo tenham insistido que Lula deveria  puxar as orelhas de Ahmadinejad e não exportar mercadorias para o Ditador). Esse negócio de criticar o ditador iraniano atinge o pico dos discursos hilariantes (considerando que no Oriente Médio todas as ditaduras tem AVAL das potências hegemônicas do Ocidente).

Diria ainda que um País que constrói 214 Institutos Federais, 105 campus Universitário, UM MILHÃO de casas populares, remaneja 30 milhões de cidadãos das classes E e D para a C (criando um Mercado Interno que evitou nossa Entrada na quebradeira de 2008) e tira da LINHA DE POBREZA mais outros 30 milhões de cidadãos, só para citar alguns feitos do governo anterior, tem algum CUSTO. Isso jamais poderia ter sido feito à base de beijinho, beijinho, xau, xau.

Ao mesmo tempo entendemos que esse custo poderia ter sido DILUÍDO em décadas anteriores, se tivéssemos governantes com visão de ESTADO  e NAÇÃO (conceitos estes que inarredavelmente INCLUEM O POVO como componente mais importante, ao lado do Território e da Língua).

Nossos Governantes, ao contrário, se preocuparam demasiadamente com Viadutos, Pontes, Estádios e Estradas (algumas sem nenhuma justificativa  Econômica ou Social) ao ponto de um deles, o Sr. Médici dizer ao seu sucessor, senhor Geisel no ato de transferência da faixa presidencial:  "O País vai bem, mas o Povo vai mal". Quem não se lembra disso?

O Resultado daquelas mal traçadas políticas foi UMA DÍVIDA SOCIAL COLOSSAL que descambou para uma degenerescência humana, cujos efeitos perversos é esse INADMISSÍVEL cenário de INSEGURANÇA PÚBLICA que atormenta a todos.

As Bolsas criadas por Dona Rute Cardoso, ampliadas pelo Governo do PT, são lenimentos destinados a amortecerem (suavizarem) as dores de um País que se insere como um dos mais injustos do mundo no que tange a Distribuição de Renda.

Maldizem  as Bolsas dos Pobres, assim como falam das Quotas para Afrodescentes. Neste sentido  seria recomendável uma longa reflexão sobre as Bolsas que os Ricos sempre tiveram (subsídios, financiamentos, anistias e isenções fiscais) que contribuíram enormemente para formação de um Painel de DESIGUALDADES SOCIAIS absurdo e humanamente inaceitável.

Essas Desigualdades foram tão BARRA-PESADAS que hoje a Sociedade vive sob o espectro de violências quase incontroláveis. É a Insegurança Social repercutindo na Segurança Pública.    Traduzindo:     Onde não há Segurança Social, não há Segurança Pública. 
Nunca ouvi alguém da Elite se referir, por exemplo, ao Terreno e a todas as Isenções Fiscais que a FORD recebeu do Estado da Bahia.

Mas a gente compreende: A FORD é uma "empresinha pequena, "tá começando agora" e precisa de “uma mão” uma ajuda (adjutório) do Governo. Tadinha dessa empresinha: precisa mesmo! È óbvio que a FORD é só um exemplo entre os milhares de empreendimentos que RECEBEM BOLSAS-FORTUNA. E é imprescindível, oportuno lembrar que quando vencem os prazos de Isenção, essas corporações ameaçam se retirar do Estado onde estão instaladas e aí não tem Governo ou Governante corajoso capaz de enfrentar a situação. Renovam seus alvarás sem ônus nenhum e os tributos que seriam arrecadados, conforme se diz no populacho: Vão para o brejo!

Quem seria louco de não renovar os alvarás? Quem? Até Guerra Fiscal entre os Estados-membros de nossa Federação essas Entidades Empresariais instituíram. Hoje as 500 maiores Corporações  mandam e desmandam no Planeta ao seu talante. A rede é complexa. As relações ocultas que as entrelaçam são manobradas de modo magistral e o fato é que quanto mais os pequenos negócios naufragam, os grandes navegam e voam sob céu de brigadeiro.

Por isso, meus caros, convido-os a um tempo para  essas reflexões. 

Quanto a Dívida Externa ou Interna  que nunca se paga (se renova), não devemos tê-las no centro de nossas preocupações. Os Estados Unidos, por exemplo, devem a Deus e ao Mundo e não estão nem aí.  Eles DEVEM tanto que lá contam uma anedota: Quem deve se preocupar com as cifras devidas por eles são os Credores. O Brasil está entre eles (temos emprestado aos filhos de Tio Sam 180 bilhões de dólares.  À China nossos irmãos do norte devem Um trilhão de dólares).
 
O fato é que iniciamos o século XXI com uma nova mentalidade, uma nova proposta de Governo. O PT comete erros? Sim. Mas acerta mais. Muito mais que erra. Tanto é que em menos de 9 anos, o País (com seu Povo) deixou de ser um coadjuvante folclórico para se tornar um Protagonista na Agenda das Decisões Internacionais. Saímos da 12ª posição no ranking econômico e hoje estamos na 7ª posição. Alguma coisa de positivo aconteceu. Apesar dos pesares...

Para pularmos de uma colocação para outra, o Brasil contou com um Gênio da Política chamado Luis Inácio Lula da Silva.
 
Todo mundo sabe que Política não é Ciência, é Arte. Para se fazer Ciência é necessário Conhecimento, mas para se fazer Arte no sentido mais elevado do termo é necessário fundamentalmente ser GÊNIO. E é isso que o Lula é. 


A semana passada em Londres o ex-presidente Lula esteve com ERIC HOBSBAWM (94 anos) e há muito tido como um dos três intelectuais mais respeitados do  Ocidente.  As impressões de Hobsbawn sobre Lula são incríveis. Ele disse, após conversar  mais de uma hora com o nosso ex-presidente, que a partir daquele momento passou a compreender  porque o Brasil mudou. Achou Lula um gênio. E é mesmo. Queiram seus críticos ou não.
 Falta muito por fazer? Claro. Muita coisa deixou de ser feita e não é possível botar um Gigante desse de Pé de uma hora prá outra. O importante é que já começamos a dar os primeiros passos para nos situarmos entre as CINCO maiores Potências do Mundo. Com um pouco mais de organização e um forte combate a Corrupção, chegaremos lá.


Hoje estamos conseguindo trazer os filhos da pátria de volta. Ha empregos muito bons para pessoas com nível técnico e qualificação reconhecidos.


Entre os Países do G-20, somos aquele com maior número de empreendedores.  Isso é outro sinal que a iniciativa Privada confia no País.


No final do século XXI, todas as pessoas devem procurar desenvolver suas Tecnologias, posto que os empregos no Setor Privado ficarão mais escassos ainda. Cada ser humano vai se transformar em uma AGÊNCIA portadora de conhecimentos para produzir serviços e rendas para sua sobrevivência, senão estará fora da Nova Ordem Mundial que se desenha.


Essa será a grande tendência da Humanidade. O Emprego já dá sinais que acabou. A Espanha tem sentido isso na pele. Quem não souber fazer coisas (ter tecnologia própria) sentirá enormes dificuldades para se "colocar" no novo Mundo.


Segundo o Professor Hobsbawn a "Época de Ouro (1949 a 1973) acabou. Agora começou um novo tempo. Países com Água como o nosso, se conseguirem ultrapassar os Entraves Burocráticos (alimentados pela Corrupção), com ajustes nas Políticas Sociais, seremos um País de Primeiro Mundo não demora muito.


Esses breves considerações não são fruto de minha adesão recente ao PT. São observações sinceras, desideologizadas ou apartidárias.


Cordiais saudações do amigo com o qual vocês há muito estão em desacordo. Mas mesmo em desacordo, a amizade permanece.


Paulo Pires

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Paulo Pires
Internet, Autoridade Intelectual e Contabilidade
                As civilizações vivem mergulhadas em um emaranhado de informações e os homens, por sabedoria intuitiva ou não, fazem questão de se alhearem a esse amontoado de dados porquanto quase nada do que deles se extrai é particularmente interessante ao executivo público, executivo privado ou mesmo ao cidadão comum.
A Internet registra por hora mais de quatro milhões de novos dados caracterizados por revelações pautadas em informações autênticas e/ou deturpações intencionais dirigidas a bilhões de usuários nem sempre ou quase nada preparados para separar o joio do trigo. Levando em conta os números de informações por hora, significa que por dia há em média 100 milhões de novos e velhos dados recauchutados com o desejo de se tornarem conhecidas. Mais assombroso ainda: Esses dados totalizam em média três bilhões de informações mensais e, devemos admitir sob o ponto de vista da racionalidade humana, não há cérebro capaz de armazenar [warehouse] analisar, interpretar e reproduzir corretamente tantos elementos ao mesmo tempo.
 A grande questão é saber distinguir o desnecessário daquilo que é imprescindível. O que é importante e interessante?  Eis uma questão que há anos vem movendo o espírito analítico do filósofo francês Roger Chartier. Este filósofo-professor [discípulo de Foucault] talvez seja entre os pensadores franceses da atualidade o mais cosmopolita. Sua biografia o menciona como membro do Conselho de Estudos Europeus de Harvard, professor da Universidade da Pensilvânia e Professor titular de Escrita e Cultura da Europa Moderna do Colégio de França, entre outros títulos e ocupações. Trata-se, pois, de um pensador com autoridade intelectual suficiente para manejar e publicizar ideias avançadas em relação ao Conhecimento.
Em uma de suas páginas diz o professor Chartier: “Um bom leitor é alguém que evita um certo número de livros. Um bom bibliotecário é um jardineiro que poda sua Biblioteca”. Refletindo sobre esse enunciado, vi-me obrigado a andar com ele prá cima e prá baixo na tentativa de interpor uma enantiose (antítese). Confesso minha frustração. Realmente, se buscarmos suporte em Montaigne (este um pensador eterno e imprescindível do Ocidente) haveremos de nos conformar e admitir sem maiores vacilações que o professor Chartier está correto. Montaigne repetia que “é melhor um cabeça bem feita do que uma cabeça cheia”. Sim. É melhor empreendermos um mergulho intelectual em meia dúzia de autores de alta densidade do que ocuparmos nosso cérebro com centenas de autores, pensadores e formuladores de baixa profundidade.
O que ocorre com a Internet é exatamente isso. Muitas informações apresentadas por essa imprescindível ferramenta precisam ser avaliadas com cautela e até mesmo questionadas. Nem tudo que está postado em seu espaço serve como referência para nossos trabalhos. Em sua última vinda ao Brasil, fazendo uma palestra na USP o professor Chartier, para ilustrar suas advertências, disse haver encontrado, com perplexidade, quatorze sites [portais, blogs] enaltecendo ou abrandando a questão ignominiosa do Holocausto. As distorções históricas desses sites o deixaram atônito.
Com o advento do Dia do Contabilista [25 de abril], aproveitamos o ponto e o contraponto relacionados à questão da Informação, para afirmarmos sem o germe do corporativismo [comum a quem defende sua profissão com unhas e dentes] ser hoje a Contabilidade o melhor e mais completo Sistema de Informações sobre as Entidades Públicas e Privadas à disposição da Humanidade. Insere-se neste espaço e com essa dimensão por ser a mais robusta, a mais objetiva das Ferramentas para se conhecer a posição Econômico-Financeira-Patrimonial das Organizações. Hoje e sempre estará na vanguarda dos instrumentos para desvendar com objetividade, extensão e profundidade todas as Estruturas Econômico-sociais em suas Internalidades e Externalidades relacionais.




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              Paulo Pires

Sociedades Pau de Fogo

         Aproveitando a onda de comoção que se abateu sobre o País desde a fatídica matança em Realengo, [07 de abril de 2011], o presidente do Senado senhor José Sarney diz que vai colocar na Ordem do Dia proposta para votação de Referendo sobre o desarmamento ou não da população. Claro que em um momento como este a tendência é que os cidadãos se pronunciem pelo desarmamento e abram mão de suas armas, deixando que suas querelas ou atos de defesa moral e patrimonial tenham o Estado como mediador. Uma sociedade que faz isso está certa ou errada? Quem não precisa de armas para viver está certo ou errado? Quem sai de casa com um Colt na cintura está bem ou mal intencionado? Quem acha que todo mundo tem que andar armado está certo ou errado? Quem acredita na força da violência está certou ou errado? Quem cultiva a Paz está certo ou errado?
           
            Estamos no século XXI. Seria crônico ou anacrônico uma civilização preservar os hábitos dos antigos moradores de Denver (Colorado) El Paso (Texas), Dodge City (Kansas) e Tombstone (Arizona)? Seria humano, ou pedagógico e necessário reeditarmos aquele famoso duelo no Curral Ok? Precisamos ainda das mentalidades de Buck Jones, Wyatt Earp, Doc Holliday e Buffalo Bill para proteção de nossas idéias e nossos patrimônios materiais e morais? Precisamos retroceder ao século XIX para viver cada dia nos impondo como seres autônomos, independentes e violentos? Precisamos disso? Precisamos ser violentos para nos sentirmos mais fortes, mais livres, mais respeitados?

            Lamento que o Senado retome essa discussão neste momento, justamente quando o País vive sob forte clima de conflagração psicossocial, cuja veemência passional invariavelmente sempre leva parte considerável dos cidadãos a optar ou tomar partido por decisões equivocadas. Isso é histórico, isso é bíblico.

            As perguntas formuladas com base na maiêutica socrática são interessantes. O que é melhor para um povo ou para um cidadão: Guerra ou Paz? A beligerância é construtiva? Não estou aqui para fazer nenhum juízo de valor sobre a decisão de ninguém. Cada um deve escolher a melhor corda para se enforcar (ou escapar). A mim não compete, como cultuador da liberdade, recriminar a decisão de ninguém. Até porque sei que a História da Violência está associada a existência do Homem. Imagine um Planeta com quatro pessoas, sendo duas delas irmãos (Caim e Abel). Caim, movido por uma inveja inexplicável mata o irmão e daí, conforme a tradição judaico-cristã inaugura o espírito de violência que se instalou sobre a Terra. Evidente que nem foi preciso usar um Colt 45 ou uma pistola Ponto 43 para o ato, bastou a violência da época.

            O fato é que a violência se disseminou sobre a Terra. Tão grave quanto sua prática é o fato de muitas pessoas e instituições a cultivarem e avaliarem que só por intermédio dela será possível construir a Paz. Deturpações e mais deturpações foram e são feitas pelos seus defensores. Há uma expressão latina que diz “Si vis Pacem para Bellum”, cuja tradução para o português é: “Se queres a Paz prepara-te para a Guerra”.   Admitamos se tratar de uma expressão meio ambígua (quase um oximoro). O suficiente para os “Violentos e/ou Defensores da Violência” manifestarem o desejo letal para usar armas. Pensam eles que só defendendo uma Sociedade Armada é que se atinge a Paz. Grande equívoco.  Uma fábrica de armas alemã chegou a usar a expressão (Si vis Pacem para Bellum) para dizer ao mundo que o ideal é todo mundo portar um revolvão, uma escopeta, um pau de fogo (fabricados por ela, evidentemente). Historicamente a expressão é de autoria do general romano Publius Flavius Vegetius Renatus e se tornou pública em 390 d. C. A intenção era exortar a Paz e não a Guerra. Alguns sujeitos trataram de deturpá-la e deu certo. Virou o que virou.

            Em meus anseios por um mundo em Paz, chego a questionar se sou ou não um ser patético, sonhador? Acho que sim. Quem está certo é o pessoal que considera a Violência uma solução. Essas pessoas são realistas, tem os pés no chão, sabem do que estão falando ou fazendo. Esse negócio de Paz é para trouxas, otários. Precisamos dar pancada nos outros, puxar revólver para as pessoas, atirar prá matar ou intimidar.

            O Mandamento Cristão de “Amar ao Próximo como a si mesmo” é tolice. Que Próximo que nada! O negócio é se isolar, não pensar em ninguém, sentimento hedonista egocêntrico-pessoal, baseado no individualismo de velhas doutrinas. Que outro que nada! Como diz um bom burguês: “Primeiro eu, depois eu e depois quando eu constatar que ainda há muita gente para ser atendida, antes dessa gente, eu novamente, de novo e sempre”.

            Aqueles duelos em Dodge City, El Paso, Denver e Tombstone até hoje não saem da cabeça de alguns. Aquelas matanças no cinema americano: Índios e mais índios morrendo era o que a gente gostava. Adeus Cochise, Jerônimo, Touro Sentado. Viva Buffalo Bill, David Crocket, Wyatt Earp, Bill the Kid. Morte aos mexicanos que defenderam suas Terras. Disse Porfírio Diaz: “Pobre México: Tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos!”. Mãos às armas. Se eu tiver um revólver 22 e meu oponente uma 45, adeus Mundo Velho! Isso é Liberdade!


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Bancada da Bala
                                                                                                                             Paulo Pires


                A chacina ocorrida na Escola Tasso da Silveira, no Realengo, Rio de janeiro [07/04/11] reascendeu de modo instantâneo-emocional o debate sobre o desarmamento. O Bairro onde está situada a Escola ficou famoso nos anos de 1971 quando o compositor Gilberto Gil abriu o samba [Aquele Abraço] dizendo: “Este samba vai prá Dorival Caymmi, João Gilberto e Caetano Veloso”. Em seguida Gil o evocava [com ironia] nos famosos versos: “Alô, alô Realengo, alô torcida do Flamengo...”. 

A ironia contida no imortal samba, prá quem não conhece a História, ficava por conta de Realengo possuir uma Escola Militar [e muitos quartéis] onde o próprio Gil, Caetano e outros bestas (?) comeram alguns dias de cana. Isso mesmo. Gil e Caetano se meteram a besta em contestar o regime militar e tiveram que passar dias na cadeia, até serem convidados a se mandarem do Brasil antes que eles, os militares [patrocinados pelos Estados Unidos] se arrependessem.  Aqueles baianos estavam muito metidos. Quem lhes deu autoridade para se manifestarem contra o que os Estados Unidos estavam ordenando? Quem? Não se enxergam não? O fato de eles serem muito jovens e, claro, inquietos, impulsivos - ambos tinham menos que 30 anos - fez com que os militares exigissem que eles pegassem o buzú (digo avião) e se mandassem para Londres. A barra estava pesadíssima. 

Hoje Realengo retorna ao noticiário de forma pouco gloriosa. Evidente que o bairro em si não tem nada a ver com as estripulias de bizarros personagens da História brasileira. Mas o diabo é que por lá tem acontecido coisas de poucas e boas lembranças. Na Revolução de 1930, foi palco de muitas inquietações deixando Getúlio e seus companheiros por alguns momentos meio apreensivos. E quem não ficaria sabendo que havia um amontoado de militares prontos para qualquer coisa?

O dia amanheceu, a Escola estava aberta, as crianças felizes e a vida seguia normal. Tudo parecia seguir sua rotina de harmonia e felicidade.  A petizada se regozijava e nada de anormal parecia acontecer na zona oeste do Rio. Tudo se apresentava na mais absoluta normalidade. Tudo, até que um sujeito chamado Wellington Oliveira Menezes resolveu mudar o cenário, a cena, atores, diretores e o escambau. 

O jovem Wellington, ex-aluno da Escola, movido por desespero e incapacidade de relacionamentos humanos, somou todas as frustrações que o mundo lhe dedicou e totalmente em desacordo com o tratamento que as convenções no campo das relações sócio-pessoais exigem, encheu-se de orgulho e disse [presume-se] prá si e para os que não o ouviram: “A partir dessa data o mundo passará a me conhecer”.  Transformou a pacata Escola em um palco de terror que o País nunca houvera experimentado. O jornal Diário de Pernambuco estampou a melhor [pior] manchete de todos os nossos Jornais: 12 mortos e 190 milhões de Feridos!

E as causas? Quem sabe com precisão afirmar sobre as causas? Ninguém. Procuramos todo tipo de bode expiatório. Alguns incautos e outros irresponsáveis chegaram a afirmar que o desejo de ele se tornar muçulmano (islâmico) poderia ter sido uma das principais. O Islamismo é uma bela Religião e não tem nada a ver com isso. Outros dizem que foi a Internet (como pode uma coisa dessas?). Outros, com segurança patética, afirmam que foi o bullying (assédio moral) sofrido dentro da Escola com a participação dos colegas, principalmente meninas. O moço tinha problemas. Os que mais se aproximaram dele, afirmaram que os problemas dele eram visíveis. 

O fato é que a tragédia aconteceu e hoje lamentamos o incidente como o mais terrível sob o ponto humano em nosso sistema educacional. Lamentável. 

O grande humanista Paulo Sérgio Pinheiro, pesquisador de renome internacional, titular do Núcleo de Estudos da Violência da USP, disse ontem [11/04/11] em entrevista ao Programa Roda Viva, TV Cultura, que enquanto não avaliarmos a importância de uma política de desarmamento, o País poderá ou deverá continuar chorando episódios como o de Realengo. Acompanho os trabalhos do professor Paulo Sérgio desde os anos 70 e tenho firmes convicções que suas pesquisas ajudam muito a minorar os problemas que afetam o Brasil neste sentido. A certa altura da entrevista disse o professor: “O maior problema do Brasil no campo do desarmamento é que existe uma “Bancada da Bala” em Brasília, financiada pela Taurus, Rossi e congêneres que não querem nem ouvir falar nisso”. E é verdade. Para esses, pouco importa a vida humana. Para eles o que interessa é o Caixa. O professor disse ainda que toda vez que um civil [não bandido] pensa em comprar uma arma para reagir, vira presunto. Vira mesmo! Além do que, digo eu, uma sociedade civilizada não precisa de armas, precisa de Justiça!
Se fosse só na Dinamarca...

            No terraço do Palácio Elsinore, Reino da Dinamarca, teatralmente no Quarto Quadro do primeiro ato da tragédia Hamlet, uma das obras primas de Shakespeare, o personagem Marcellus diz para Horácio com a desilusão que o momento exigia: “Há algo de podre no Reino da Dinamarca”. A podridão por ele aludida relacionava-se com a morte do Rei Hamlet, assassinado pelo próprio irmão [Cláudio]. Este, além de matar o irmão para se apossar do Reino, apressadamente casou-se com a cunhada [Gertrudes, viúva de Hamlet] provocando um eclipse mental na cabeça do jovem príncipe Hamlet.
            Shakespeare escreveu essa obra entre 1600 a 1602 [há controvérsias sobre a data]. Não importa. O que importa mesmo é que a ambição desmedida, mola propulsora para muitos males da humanidade, fica no espírito de quem assiste ou lê a peça como uma emblemática advertência - nos referimos a quem não tem caráter – que a desgraça recai sobre o ser humano, quando ele não calcula moral e eticamente o tamanho de suas cobiças.  O desejo frenético de possuir ou alcançar posições e bens materiais, em muitos casos chega a ser constrangedor. Todos devem sonhar, lutar por dias e condições melhores. Mas, cabe o alerta: Triste daquele que, sem medir o tamanho das suas ambições, se entrega a empreitada de conseguir vitórias a qualquer custo. Esse sujeito, o arrivista, passa a ser um perigo para a sociedade. E a sociedade logo descobre nele esse vício.
            Platão, outro gênio da humanidade, ao falar do seu interesse pela Política, diz que só aos cinqüenta anos sentiu-se preparado para ingressar no maravilhoso campo dessa atividade. É quase inacreditável, mas um homem raro como ele, do alto de sua humildade e de modo surpreendente, só se sentiu apto para entrar na política a partir de sua quinta década de existência. Em carta para amigos e familiares disse o filósofo: “Outrora, na minha juventude experimentei o que tantos jovens experimentaram. Tinha o projeto de, no dia em que pudesse dispor de mim próprio, imediatamente intervir na política”. E entrou.
            Depois de observar os passos do grande filósofo, e já ultrapassando a faixa dos cinqüenta anos, também me senti seduzido por ingressar em uma agremiação partidária. Dizem os mais precavidos que entrar em política  é meio complicado, portanto  deve-se pensar muitas vezes antes de fazê-lo. Todo mundo diz isso. Mas há um fato interessante a ser comentado: Quem entra nela, na política, não sai assim tão fácil. E eu, resoluto, munido das precauções necessárias, mas sem esquecer as advertências, fui ao Partido dos Trabalhadores e coloquei meu nome à disposição. Inicialmente, senti não haver nenhuma rejeição a ele. O Presidente Rivaldo Gusmão me acolheu com muita discrição e gentileza. Meu acompanhante, introdutor diplomático e membro antigo da agremiação [não estou autorizado a mencionar o nome] cuidou de fazer as apresentações e justificou meu interesse para  ingressar na Legenda. A secretária, Cris é muito simpática, e cuidou do preenchimento dos formulários. Saí da sede do Partido convicto de que fiz uma boa ação para meu itinerário. Não sei se o Partido terá a mesma percepção com a minha chegada.
            Mas a Política realmente é encantadora. Quando exercida para fins nobres e por pessoa nobres, poucas atividades humanas alcançam seu enlevo. Há mais de 25 anos ouvi um discurso monumental de um dos grandes mestres da política brasileira: Ulisses Guimarães. No discurso o astuto Ulisses teorizou sobre a Política e o Poder. Foram duas abordagens feitas com uma maestria excepcional.
            O grande Ulisses nos fez passear com grandes teóricos [clássicos e contemporâneos] da Política e, sem esconder o viés do Poder que as pessoas alcançam pela Política, assinalou que realmente é dentro da Política que o Poder mais se legitima. E acrescentou: “Principalmente se esse poder for emanado pelo Povo, em eleição livre, num contexto democrático”. Quem há de contestar alguém que foi eleito legitimamente pelo seu povo? Ninguém. Ninguém.
            Quem foi eleito pelo povo merece respeito. A eleição foi limpa? O povo assim decidiu? Então que o eleito seja respeitado pela escolha que o Povo fez.
            Cabe a pergunta. E se um governante não estiver correspondendo ao que prometeu em campanha? Ele merece ou não que lhe dirijam críticas? Sim. Desde que esses comentários sejam feitos no espaço neutro da Probidade Crítica. E o que é Probidade Crítica? O que é probidade? O que é crítica? Cláudio, quando matou Hamlet foi probo? Infelizmente acontecimentos como aquele não ocorre apenas no Reino da Dinamarca.

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