sexta-feira, 31 de agosto de 2012


COMO PREVER FALÊNCIAS - 40 ANOS DEPOIS
Por Stephen Kanitz.

O artigo "Como Prever Falências", publicado há 38 anos na Revista EXAME, foi meu primeiro trabalho acadêmico e talvez o mais conhecido. Introduzia no Brasil o conceito de credit-scoring, e ficou conhecido como o Termômetro de Kanitz.
Neste artigo vou descrever como ideias são lançadas e absorvidas no Brasil, um artigo mais de Sociologia do que de Finanças.

1) Hoje, 38 anos depois, são poucas as coleções de bibliotecas, especialmente de Universidades, em que este número não tenha sido roubado.
A revista de Dezembro de 1974, da Exame, geralmente está faltando. Prenúncio do que direi mais embaixo.

2) No artigo mostrei um dos meus modelos, não o melhor, e coloquei com todas as letras que possuía outros modelos, com 25 variáveis que previam muito melhor.
Esperava receber uma fila de interessados em saber como adquirir estes modelos melhores.
Não aconteceu.
Todos preferiram usar o modelo mais simples de cinco variáveis, de longe o pior, mas grátis.
Pagar por consultoria, ideias, novos métodos, jamais. O grátis é sempre melhor.
Por mais de 30 anos, a Exame recebia cartas e emails pedindo uma cópia do artigo, nenhuma carta era endereçada a mim.
É o país do "tudo se copia" e do "tudo grátis", mesmo sendo pior.
Por isto, nosso ensino é da pior qualidade, nossa saúde idem, mas pelo menos é de graça.

3) Um banco do Rio Grande do Sul, por exemplo, aplicava-o sobre os seus próprios resultados quando o modelo era claramente destinado à indústria e ao comércio.
Também não lemos instruções.
Aplicamos teorias administrativas e econômicas desenvolvidas por ingleses e americanos, sem ler as instruções.
Sem perceber que aquelas teorias foram criadas para a cultura inglesa e americana, não para a brasileira.
Mas mesmo assim copiamos, sem mandar cartas ao autor.

4) O artigo apresentava cinco índices de previsão de insolvência que, ponderados através de pesos cientificamente determinados, davam uma nota para a empresa analisada, nota esta que determinava a sua saúde financeira.
Notas baixas indicavam péssima saúde financeira, e consequentemente elevada probabilidade de falência. Notas elevadas indicavam saúde excelente, e consequentemente empresas de baixo risco de crédito.
Hoje, os pesos e os índices do artigo de 1974 são obsoletos e incorretos, já que a situação econômica do país mudou bastante neste período.
Mas pelos 20 anos seguintes, foi usado sem pestanejar.
Secretarias da Fazenda de vários Estados usavam para selecionar empreiteiras, apesar do modelo não contemplar a área de serviços.
O único dinheiro que ganhei com este modelo foi em pareceres jurídicos a favor de empreiteiras injustiçadas, onde afirmava que o modelo fora usado sem a minha permissão. E que hoje, não previa coisa alguma.

5) Para o meu espanto, acabou sendo usado por uma série bancos e financeiras, sem a mínima preocupação de se aprofundarem na metodologia que o gerou.
Este comportamento é bem elucidativo quanto ao comportamento gerencial brasileiro, ávido na utilização de fórmulas prontas.
Pior, três anos depois fiz uns seminários para a Revista Exame sobre o assunto em cidades do interior, e vários gerentes de bancos me disseram que o modelo funcionava a mil maravilhas. O que não deveria ter acontecido.
É que todos os gerentes usavam o mesmo modelo, e devo inadvertidamente cortado o crédito de muita empresa sadia, que ao falir confirmaram a qualidade do meu modelo.
O meu termômetro era uma fórmula pronta, para ser usado sem pensar.
Usamos fórmulas prontas sejam de autores nacionais ou estrangeiros, sem o mínimo questionamento ou pelo menos um esforço para adaptar os modelos genéricos às situações específicas de cada empresa.
Mais do que apresentar uma fórmula de pronto uso, o artigo tinha por objetivo:
a. Que era possível prever uma falência com certa antecedência, a partir dos demonstrativos publicados pelas próprias empresas. Ideia inovadora na época.
b. Que os demonstrativos financeiros publicados pelas empresas brasileiras são suficientemente fidedignos quanto à realidade financeira, algo em que não se costuma acreditar neste país, especialmente para empresas médias e pequenas onde tais demonstrativos eram considerados totalmente falsos ou, pelo menos, inúteis.
O modelo e os outros que o seguiram resolviam, para os analistas financeiros, dois problemas importantes:
a. Como balancear informações conflitantes. (o que fazer com uma empresa que apresenta um aumento na liquidez e uma elevação no endividamento ao mesmo tempo? 0 resultado destes efeitos é uma melhora na situação financeira ou uma deterioração?);
b. Como comparar empresas entre si.

6) Embora usada por gerentes de bancos, na época suas diretorias não se interessaram por Análise de Crédito. Tanto que terceirizavam este serviço ao Serasa, mostrando que não fazia parte do Core Business.
Core Business era ganhar com o float da inflação, e o Brasil nunca adquiriu competência em empréstimos bancários e financiamentos a empresas.
Somos campeões em taxas de serviço, cartões de crédito, cheques especiais e descontos de duplicatas, que não é exatamente financiar a produção.

7) Felizmente, o outro lado da Falência é a Excelência, e usando o mesmo método criei a edição "Melhores e Maiores", um sucesso de vendas até hoje.
Introduzi uma ponderação de índices baseado no Termômetro de Kanitz no ano de 1977, a fim de determinar as melhores empresas do país, baseado na soma de seis critérios.
O modelo publicado em EXAME foi elaborado para prever falências no período de 6 a 12 meses, o período que demorava para sair a publicação.
O maior medo dos editores era premiar uma empresa que pedisse concordata logo em seguida da edição ser colocada nas bancas.
O que ocorreu uma única vez, não devido a empresa em si, mas devido à má situação financeira da holding.
Infelizmente, não sei o motivo, esta metodologia foi abandonada pela Revista Exame e não me surpreenderia em ver uma concordataria na lista das melhores no futuro.

8) Pelo exposto, fica claro que para o Brasil dar Certo é necessário um sistema de Patentes rápido e eficiente, que pelo que já vimos ainda não ocorre no Brasil.
Até lá, cuidado com suas ideias. A maioria vai querer roubar, ao invés de contratá-lo e ter a melhor ideia possível.

Fonte: Blog do tephen Kanitz.

Matéria enviada pelo Pof. Flávio Dantas e postada por Werley Novais.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012


93% dos municípios violam lei que ajuda as micro e pequenas empresas



Folha de S.Paulo
HELTON SIMÕES GOMES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Apesar de fixado em lei e atestado por órgãos de controle público, 93% dos municípios brasileiros não cumprem as determinações estabelecidas para beneficiar as micro e pequenas empresas (MPEs) em compras públicas.

Tribunais cobram aplicação de lei em prol de pequenas empresasMunicípios que implementaram lei de benefícios em compras públicas para MPEs

São benefícios como reservar a elas as compras públicas de até R$ 80 mil.

Na esfera federal, a política de licitações para as MPEs está sendo difundida. Tanto que responderam por 70% das compras nessa faixa no primeiro semestre deste ano.

Com isso, foram responsáveis por 36% do fornecimento de bens e serviços para o governo federal nesse período e faturaram R$ 4,3 bilhões.

São os municípios que apresentam a pior situação.

Segundo levantamento feito pelo Sebrae a pedido da Folha, apenas 387 das 5.565 cidades oferecem as vantagens para as MPEs.

"Se os municípios priorizassem as pequenas, teríamos R$ 30 bilhões diluídos pelo país", diz André Spinola, gerente de desenvolvimento territorial do Sebrae. "Elas deixam de ter um direito."

Os benefícios são de dois tipos. Os obrigatórios privilegiam as pequenas em caso de empate e lhes dão o direito de participar de licitações mesmo com pendências fiscais ou trabalhistas.

No primeiro caso, o empate ocorre quando o lance da MPE é até 10% superior ao de uma empresa de maior porte que tenha vencido a licitação e até 5% superior em pregões.

No segundo caso, as empresas podem se inscrever em uma concorrência com uma certidão negativa antiga, mas devem apresentar um novo documento em quatro dias.

Esses mecanismos constam da lei federal 123, de 2006, que criou faixas de faturamento para enquadrar as micro e pequenas empresas.

Naquele ano, o Tribunal de Contas da União tornou esses benefícios compulsórios para toda compra pública.

Também está presente na lei 123 a segunda categoria de benefício, que só passa a valer se for regulada por Estados e municípios.

VANTAGENS
Ela estipula três tipos de vantagem às MPEs. Em compras públicas com valor de até R$ 80 mil, apenas pequenas podem concorrer.

Nas grandes compras, podem ocorrer duas situações: até 30% do valor total da licitação vencida por uma grande empresa deve ser subcontratado de pequenas ou até 25% do contrato deve ser loteado e licitado para MPEs.

Segundo o Sebrae, 68,6% dos municípios brasileiros possuem legislação própria sobre compras para MPEs.

Em 2008, o TCU determinou que os editais previssem os benefícios da lei 123. Ainda assim, das cidades que criaram a lei, só 8% a aplicam, segundo o estudo.

Para ampliar a adoção da lei e garantir o seu cumprimento, a Atricon (associação dos Tribunais de Contas) vai orientar os conselheiros a observar sua aplicação ao examinar as contas públicas. 

Via site do CFC.

Matéria postada por Werley Novais.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012


Pensão sem fundo


A perspectiva de o Brasil ter, finalmente, juros baixos tem sido justamente comemorada. O crédito fica mais barato, a bolsa costuma ganhar impulso, as empresas tendem a aumentar seus investimentos. Mas um grupo de pessoas está apavorado (ou, se não está, tem motivos para se apavorar) com esse cenário tão celebrado: os diretores e os investidores dos fundos de pensão.

Quando os juros caem, a rentabilidade desses fundos — que reúnem as reservas para a aposentadoria de 3,2 milhões de funcionários de empresas e bancos, públicos e privados — cai junto, como ocorre com todas as aplicações que dependem da renda fixa. O problema é que muitos desses fundos têm, por contrato, a obrigação de render mais do que os juros de mercado, hoje em 8%. [1]

Em média, os valores das aposentadorias têm de ser corrigidos em 12,4% ano a ano. [2] Atingir esse percentual tem sido quase impossível. E ninguém consegue imaginar de onde o dinheiro virá.

Um levantamento feito por EXAME mostra que, em 2011, dez das 15 maiores fundações do país não conseguiram entregar o que prometeram. É o caso de Previ, do Banco do Brasil, Valia, da mineradora Vale, e Postalis, dos Correios. O déficit somado do mercado de fundos foi de quase 9 bilhões de reais. [3]

A maioria dos planos tem recursos em caixa para fechar a conta e seguir pagando as aposentadorias normalmente. Mas, se o descompasso continuar, vai faltar dinheiro. [4] Em risco, só no caso desses dez fundos, está a aposentadoria de 1 milhão de trabalhadores — e essa, como se verá adiante, é apenas uma parte do problema.

Só para recuperar o que não fizeram no ano passado, as fundações precisam entregar um retorno de, no mínimo, 14% em 2012, segundo um estudo da consultoria Mercer [5]. No ano passado, a Previc, autarquia do Ministério da Previdência que fiscaliza esse segmento, interveio em quatro fundos de médio porte, entre eles o Portus, da Companhia Docas, que estão perto de ficar sem dinheiro para pagar as aposentadorias.

Há duas alternativas: pedir dinheiro às companhias que patrocinam os fundos [6] ou aumentar as aplicações mensais dos investidores — o que não é fácil: a Fundação Cesp tentou aprovar isso recentemente e não conseguiu. 

Esse é um problema novo num setor que convive há anos com a perspectiva de uma trombada. No fim dos anos 90, o Tesouro Nacional teve de colocar dinheiro nos fundos de pensão do Banco do Brasil, da Petrobras e de outras companhias estatais para evitar que eles deixassem de pagar aposentadorias (o buraco era de quase 20 bilhões de reais). [7]

Ficou tudo bem por uma década. Agora, os riscos voltaram. A origem do desafio atual é uma lei de 1977, que criou a garantia de rentabilidade dos fundos de pensão — na época, o principal título público, a ORTN, rendia 6% mais a inflação, e estabeleceu-se que os planos tinham de pagar, no mínimo, isso.

Essa obrigação ficou por aí, como um fóssil financeiro de tempos remotos. Com a estabilização da economia, ficou evidente que seria impossível manter essa situação por muito tempo, e o modelo vem sendo abandonado nos novos planos.

Mas, apesar disso, 31% dos planos do mercado brasileiro ainda têm rentabilidade definida, e o Ministério da Previdência não sabe o que fazer com eles, dados os riscos que correm no cenário de queda de juros.

Uma medida paliativa

Segundo EXAME apurou, uma das alternativas em estudo é reduzir as metas de retorno, tomando como base o rendimento dos títulos públicos de longo prazo atrelados à inflação (que, atualmente, rendem cerca de 4% acima do IPCA). Seria, na melhor das hipóteses, uma medida paliativa.

“Se o juro cair mais, a rentabilidade desses títulos também vai diminuir”, diz José Roberto Ferreira Savoia, professor de finanças da USP e ex-secretário de Previdência Complementar. Alguns fundos, como o Aceprev, da siderúrgica ArcelorMittal, reduziram as metas por conta própria nos últimos meses.

Só que estender essa mudança a todo o mercado não é simples, porque é preciso fazer um ajuste contábil. Como a previsão de rentabilidade no longo prazo diminui, o volume atual de recursos nos planos precisa aumentar para que não falte dinheiro para pagar as aposentadorias no futuro. Ou seja, os fundos precisam colocar dinheiro para fazer a mudança, e nem todos têm caixa. [8]

A outra hipótese em estudo para salvar os fundos de pensão depende da ajuda do governo. [9] Quando um plano consegue bater suas metas de retorno com folga por três anos, ele precisa distribuir o ganho aos investidores.

Ou seja, não pode manter a sobra de caixa para usá-la em períodos conturbados — em que, por exemplo, as ações ficam mais baratas, abrindo uma oportuni­dade de ganhos no longo prazo, algo que deveria ser a meta maior de um gestor de fundos de pensão. A Previc diz que planeja mudar essa regra para aumentar a flexibilidade na gestão.

“Para conseguir esse dinheiro extra num cenário de juros mais baixos, os fundos precisam mudar seus investimentos e arriscar, mas nem todos vêm fazendo isso”, diz François Racicot, diretor da consultoria Mercer [10]. Na média, a carteira de ações das fundações está no mesmo patamar de 2004: representa 30% do patrimônio. [11]

No mesmo período, a taxa básica de juro caiu pela metade. Os gestores, portanto, seguem viciados em investimentos de renda fixa que pagam cada vez menos. [12] Quem muda se dá bem.

A Fundação Cesp e a PrevDow, da empresa química Dow, reduziram a carteira de títulos públicos que seguem os juros de mercado e passaram a comprar papéis atrelados à inflação — com isso, ficaram entre as poucas que cumpriram suas metas em 2011. A Valia e a Funcef, da Caixa Econômica, passaram a aplicar em fundos de private equity, como é praxe nos Estados Unidos.

Se a situação dos fundos de pensão de bancos e empresas é delicada, a dos planos de previdência dos estados e dos municípios é crítica. Criados em 1998, já estão sem recursos para pagar as pensões. Alguns estão fechando a conta com dinheiro público — no Rio de Janeiro, parte dos recursos dos royalties do petróleo está sendo usada para pagar as aposentadorias.

O principal problema, dizem os especialistas, é a gestão pouco profissional. Até 2008, qualquer funcionário podia cuidar dos investimentos dos fundos (hoje, é exigido um certificado comprovando algum conhecimento do mercado financeiro, o que também não ajuda muito).

Esses planos estavam entre os principais cotistas dos papéis do banco Cruzeiro do Sul, que es­tá sob intervenção do Banco Central desde junho. Também aplicaram em CDBs do banco Santos, que quebrou em 2004. Casos como esses chamaram a atenção de tribunais de contas, que estão processando os gestores pelos prejuízos. Só no caso dos planos estaduais e municipais, 7,5 milhões de aposentadorias estão em jogo — gente que tem motivo para se preocupar com a queda de juros comemorada pelo resto do país.

Pensão sem fundos - 22 de Agosto de 2012 - Revista Exame - Maria Luiza Filgueiras

[1] Posso estar enganado, mas é 6% mais inflação.
[2] Isto depende de cada fundo. 
[3] Este assunto interessa particularmente a contabilidade da patrocinadores, que possuem uma obrigação com o fundo de pensão dos seus empregados. 
[4] Olha um exemplo interessante de diferença do regime de caixa e competência. E como a competência apresenta informações valiosas para os gestores. 
[5] Para agravar o problema, boa parte dos recursos são aplicados em renda fixa, cuja rentabilidade está bastante reduzida. Além disto, o comportamento da bolsa de valores nos últimos meses indica que a renda variável não parece ser uma solução adequada. 
[6] Com prejuízo para o acionista.
[7] Dinheiro do contribuinte. Será que irá ocorrer novamente?
[8] Mas isto pode ser feito no médio e longo prazo. 
[9] Lá vem golpe contra o contribuinte. Prepare a carteira...
[10] Não somente isto: depende do comportamento da bolsa. 
[11] Mas existe um grande grupo de fundos - pequenos é verdade - que geralmente não aplicam em renda variável. 
[12] Observem que o problema é grave por um outro motivo: está induzindo os gestores a assumirem riscos para obter a rentabilidade necessária.

Fonte: Blog, Prof. César Tibúrcio - Contabilidade Financeira.

Postada por Werley Novais.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A importância da transparência contábil num mundo em crise

A ausência de métodos e normas contábeis comuns entre as nações da União Europeia e internacionalmente aceitas está se tornando um crescente dilema em meio à crise econômica que assola o Velho Continente. E nem poderia ser diferente, considerando o forte viés fiscal do problema, gerando riscos e temores de inadimplência de governos. Num cenário de instabilidade como esse, é natural que orçamentos, balanços,déficit em conta corrente e fluxos de caixa estatais auditados e contabilizados sem sinergia e por meio de processos diferentes ampliem as desconfianças e incertezas.

Essa questão inerente à Europa evidencia a importância das Normas Internacionais de Contabilidade para o Setor Público (IPSAS, na sigla em inglês). A padronização, sem dúvida, possibilita avaliações equânimes e mais adequadas, ampliando a confiança nos dados. A lição, aliás, vale muito para o Brasil, considerando que nossa divisão política, com 26 estados e mais o Distrito Federal, é tão complexa quanto a de um bloco de nações como a Comunidade Europeia.

Para nosso país, portanto, será fundamental a adesão às IPSAS, o que acontecerá somente em 2014, já que o prazo original, que seria este ano, foi prorrogado pela portaria 828, de 14 de dezembro de 2011. No presente cenário da economia global, esse adiamento talvez não tenha sido a melhor alternativa. O IPSAS define um padrão internacional para a contabilidade pública. Assim, torna possível comparar demonstrações contábeis entre instituições governamentais de uma diversidade de países, propiciando maior transparência. Significa modernização, mais transparência e eficácia da contabilidade do setor público, algo mais consentâneo com o capitalismo democrático.

Países em crise financeira têm maior necessidade de transparência em suas contabilidades, principalmente para despertar a confiança do mercado, instituições financeiras e organismos multilaterais. Contudo, é fundamental que todas as nações, em dificuldades ou não, tenham suas demonstrações financeiras acuradas, por meio de métodos modernos de contabilidade, o que, certamente, possibilita mais acesso e compreensão, por parte da sociedade, dos agentes econômicos e instituições internacionais, sobre a situação fiscal e contábil dos governos. Os padrões de demonstrações financeiras dos países são únicos, o que torna a comparação entre governos extremamente difícil. Os complexos desafios orçamentários e fiscais são mais complicados de serem resolvidos em razão de sistemas de caixa defasados.

Desde a aprovação da lei 11.638/07, que alterou a Lei das S/A, houve uma completa aceitação do universo corporativo às Normas internacionais de Contabilidade (em inglês, International Financial Reporting Standards – IFRS), aplicadas ao setor privado. Verificou-se, principalmente, a compreensão de que elas deveriam de ser adotadas, pois o mundo exige transparência na divulgação dos resultados. Afinal, as empresas, mais do que nunca, têm uma responsabilidade social muito grande frente à sociedade.

Os empresários não mediram esforços financeiros para se adequar rapidamente às novas normas. A sociedade contábil, do mesmo modo, também fez imenso empenho para viabilizar rapidamente sua aplicação com eficácia e segurança. Hoje, as novas normas já são amplamente utilizadas em diversas empresas, de capital aberto e de grande. O que é muito bom. Afinal, lei é para ser cumprida e aplicada. As demais empresas privadas também devem se adequar a novos padrões contábeis, de acordo com o CPC-PME, Correlação às Normas Internacionais de Contabilidade The International Financial Reporting Standard for Small and Medium-sized Entities (IFRS for SMEs).

Assim, é de se esperar que, apesar da prorrogação do prazo para 2014, o setor público brasileiro adote as IPSAS o mais rapidamente possível. O Tesouro Nacional já o fez. Publicou em seu site balanço consolidado já com base nas normas internacionais. Nas notas explicativas, observou: “As mudanças vêm ocorrendo gradualmente em razão das restrições da Administração Pública, que mantém uma visão orçamentária em detrimento da importância do patrimônio, e da dificuldade em adequar os sistemas de informação aos padrões necessários ao registro da Contabilidade Pública”.

O Brasil vem enfrentando de modo bastante eficaz as crises mundiais, mantendo razoável patamar de crescimento em relação à maioria dos países. Neste momento, seria muito positiva a antecipação das novas normas contáveis para o setor público, um gesto de boa vontade e transparência. Como cidadãos e contabilistas, esperamos que os gestores da União, estados e municípios agilizem esse processo. Estamos em um ano eleitoral e quem sabe os novos prefeitos iniciem a sua gestão com a implantação das IPSAS já para 2013. Seria uma grande tendência em aspectos de transparência por parte da administração pública que todos nós brasileiros esperamos. Afinal de contas, como o próprio nome diz, os recursos dessas empresas são de fato público, de todos nós contribuintes.

O setor público pode contar com profissionais e empresas contábeis com experiência na aplicação destas normas.

Vagner Jaime Rodrigues e Geuma Nascimento são mestres em contabilidade, sócios da Trevisan Gestão & Consultoria e professores da Trevisan Escola de Negócios.

Fonte: Jornal Contábil

Enviada por Diego Duarte.

Postada por Werley Novais.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012


            Considerações acerca da relação Contabilidade-Tecnologia da Informação.

A Contabilidade visa atuar como instrumento de auxilio à tomada de decisões pelos administradores das entidades através da medição e avaliação do patrimônio e dos lucros auferidos pela entidade.

Antes da era da informação a contabilidade era feita manualmente. Registros, escrituração, lançamentos etc, eram feitos sem a mesma celeridade que é característica da contabilidade atual.  Essa forma primitiva de trabalho dificultava a tempestividade da informação contábil e, como são vários fatos e procedimentos a serem registrados pela contabilidade, o profissional diante de um grande numero de transações e trabalhando sem auxilio de ferramentas adequadas poderia incorrer em erros que hoje são inadmissíveis, visto o mercado competitivo em que se encontram inseridas as empresas.

Juntamente com o avanço da informática a contabilidade veio se desenvolvendo e aprimorando. Fazendo uso das tecnologias, facilidades e rapidez proporcionadas pelos sistemas de informação a contabilidade é capaz de registrar e informar dados e transações de um entidade simultaneamente ao seu acontecimento, o que a transforma em importante instrumento de gestão empresarial.

Essa fase vivida pela contabilidade, englobada pela na era da informação, transformou o profissional em contabilidade em analista contábil, visto que com o auxilio da informática o registro e lançamentos dos fatos contábeis são feitos eletronicamente, sendo desnecessário  o dispêndio de tempo do contador para desempenhar tal atividade.

Atualmente, faz-se mister que o profissional contábil domine as novas tecnologias disponíveis da área face a importância da atuação desse profissional, dado seu capital intelectual específico e, que representa uma grande chave estratégica das grandes decisões empresariais.

No campo contábil a utilização da Tecnologia da Informação (TI) vem contribuindo de forma expressiva para a valorização da profissão contábil, visto que, aumenta a disponibilidade do contador em gerenciar as informações para auxiliar a administração na tomada de decisões em bases melhores e mais confiáveis em tempo hábil.

A era da informação já é uma realidade pujante e, todo bom profissional, como as profissões, que almejam grandes crescimentos devem estar inseridas nessa nova realidade. Neste caso, temos como exemplos as criações da Nota Fiscal Eletrônica (NF-e), Serviço Público de Escrituração Digital – Fiscal e Contábi l- (SPED), que expressam a importância que a contabilidade tem pela ótica do governo e também a eficiência da contabilidade em prestar informações rápidas e precisas não só para o Estado, mas também para os administradores das entidades.

As vantagens são inúmeras, mas, as mais evidentes talvez sejam o aumento da produtividade, mais estímulo aos profissionais da área, melhoria na qualidade dos serviços e maior segurança das informações.

Sendo um grande instrumento capaz de auxiliar o contador em seu dia-a-dia, como também um dos grandes impulsionadores da evolução da profissão contábil, a informática veio para consubstanciar a devida importância do contador para as empresas, governo e a sociedade.

Autor: Werley Novais.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012


AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

 Introdução
           
              A Avaliação de Empresas tem ganhado grande importância no meio empresarial com o grande avanço da competitividade e de estratégias de sobrevivência no mercado. Seja por fusões, cisões ou incorporações as empresas buscam alternativas cada vez mais ousadas para se manterem no mercado. Em outros momentos as técnicas para avaliação de empresas norteiam contratos de compra e venda, dissoluções de sociedades, liquidação de empreendimentos ou avaliação de habilidade dos gestores de gerar riqueza para os acionistas (Martins, 2001, Avaliação de Empresas).
           Mesmo baseando-se em métodos e modelos quantitativos a avaliação de empresas não se resume em resultados exatos, pois trabalha com premissas e hipóteses subjetivas. Sendo assim, o processo de avaliação pode variar de acordo a visão dos agentes, em que, uns podem enfatizar as ameaças e outros as possibilidades de implantação de ajustes estratégicos geradores de bons retornos.
            Na avaliação de empresas deve-se usar uma gama variada de métodos e índices que permitam expressar, com maior aproximação possível, a real situação da empresa avaliada. Entretanto existem hipóteses em que determinados métodos de avaliação podem ser mais consistentes de acordo com as premissas de avaliação, se tornando tecnicamente mais adequado dada à circunstancia de avaliação e a qualidade das informações disponíveis. É importante deixar claro que a qualidade das informações obtidas influencia diretamente na qualidade dos trabalhos a avaliação a serem desenvolvidos.
            A avaliação de empresas é extremamente útil para usuários com as mais variadas necessidades. Especialmente para os usuários externos implantar-se-á um modelo de avaliação para que o interessado em estabelecer negócios com a entidade avaliada seja capaz de julgar a situação da empresas à qual espera manter negócios, seja como cliente, fornecedor, investidor, etc.
            Considerando o atual patamar das complexas e exigentes relações empresariais, a avaliação de empresas tem ganha cada vez mais importância para guiar as partes interessadas em estabelecer relações empresariais.

Conceito de Valor
As empresas devem, do decorrer de sua existência, estabelecer suas metas, missão e seus valores a serem perseguidos. O conceito de Valor é de extrema importância para a compreensão do processo de avaliação de empresas.
Partindo de um conceito econômico, valor é o grau de utilidade que os consumidores estabelecem para o seu consumo diário, sendo estes, assim, quem determinam o valor incutido a cada bem ou serviço adquirido. Conforme PAIVA (2001,2) “No campo econômico, “valor” pode ser entendido como a apreciação feita por um indivíduo (num dado tempo e espaço), da importância de um bem, com base em sua utilidade (objetiva e subjetiva)”. Embasando-se em conceitos subjetivos o conceito de valor não é claramente mensurável, por se condicionar ao “gosto” e “utilidade” que cada indivíduo estabelece em seu instante de necessidade.
Em se tratando de avaliação de empresas o valor pode ser calculado de diferentes formas como o valor contábil, valor da bolsa de valores, valor de mercado, valor de liquidação, valor econômico, etc. Sendo assim, o valor se relaciona e depende de vários fatores, muitos deles subjetivos.  Quando da avaliação de empresas busca-se mensurar a capacidade da empresa em agregar valor aos seus produtos visando potencializar o retorno econômico de cada bem ou serviço disponibilizado por esta.
O valor de uma empresa pode ser, em tese, simplesmente fazer o que todas as outras fazem, porém com mais eficiência e qualidade no produto ou bem final. Como exemplo poderemos observar uma cadeia logística bem estruturada e planejada, que permita menos custos, qualidade em entrega dos produtos adquiridos e o atendimento personalizado ao cliente, garantindo-lhe maior conforto.  Também, um bom exemplo de como o valor pode potencializar um produto, é verificado na linha de produção da Ford, no início do século XX, onde se aumentou a produção com custos menores e incutiu em cada produto a qualidade da produção, confiabilidade de fornecimento e uma marca que inovou o processo de produção, servindo de base para os modelos de economia de escala que se desenvolve na contemporaneidade.

Métodos usuais de avaliação de empresas
            Os métodos ou modelos para avaliar uma empresa vão depender do propósito da avaliação, devendo levar em consideração características próprias e interesses dos que estão avaliando. Vários são os modelos existentes, e a maioria deles são classificados como:
1.    Técnicas comparativas de mercado;
2.    Técnicas baseadas em ativos e passivos contábeis ajustados;
3.    Técnicas baseadas no desconto de fluxo futuros de benefícios.
            Cada técnica dessas possuem vários modelos que poderão ser utilizados pelos avaliadores, sendo que esse irá escolher aqueles em que se adeque ou atenda melhor as suas necessidades e expectativas. Nenhum dos modelos devem ser considerados melhor ou pior que outro, pois todos trabalham um aspecto específico, e fornecem informações diferentes que servirão para realizar a análise.
           Normalmente, os avaliadores utilizam vários modelos para analisar a empresa, fazendo com que as informações obtidas com um modelo possam complementar os resultados de outras técnicas. Assim, os avaliadores conseguem obter diferentes visões e informações a cerca das empresas.

Método de avaliação Patrimonial Contábil
           Esse método normalmente é utilizado pelas empresas que tem os ativos mensurados pelos princípios contábeis, e que não divergem muito dos valores de mercado. Como está baseada nas demonstrações financeiras da empresa, deve ter um cuidado maior ao avaliar a empresa apenas por esse método, pois muitas vezes não fornecem informações que são relevantes para as empresas.

Método de avaliação patrimonial pelo mercado
          Esse modelo consiste na mensuração dos conjuntos de ativos e passivos exigíveis com base no valor de mercado de seus itens específicos. Apesar de ser utilizada para um número maior de situação, esse modelo costuma desconsiderar benefícios líquidos futuros que tais ativos e passivos poderiam gerar para a empresa.

Método baseado no P/L de ações similares
           Esse modelo realiza uma comparação entre empresas que possuem as mesmas características. É observada a relação entre o preço e o lucro por ação das outras entidades, e realizada a multiplicação pelo lucro da avaliada, chegando assim a suposto valor. Em um mercado eficiente, essa conta contribuiria como uma medida para comparar os preços das ações.

Modelo de capitalização dos lucros
Este modelo visa capitalizar os lucros médios ponderados, antes dos juros e tributos, a uma taxa subjetivamente determinada. Naturalmente, o fator de capitalização é o elemento mais polêmico. Em pequenos negócios que apresentam certa tradição de lucratividade, a taxa de capitalização geralmente é fixa entre 33% e 17%. Ela também pode ser expressa em múltiplos (6,3 etc.)
Tem sua maior limitação vinculada ao fato de utilizar o lucro apurado pela contabilidade tradicional, por valores históricos, tido como defasados é considerado de difícil aplicabilidade, visto que não existem fórmulas de cálculo explicitamente definidas ou um caminho pré-determinado a executar, ensejando possibilidade de se obter diferentes resultados, dependendo do referencial utilizado pelos avaliadores.

Modelo dos múltiplos de faturamento
O modelo dos múltiplos de faturamento consiste numa versão simplificada do modelo de capitalização dos lucros. Talvez por isso ele seja tão frequentemente utilizado.  Como o nome sugere, o lucro contábil é substituído pelo faturamento da empresa, tornando irrelevantes as informações sobre os demais itens do resultado do exercício. Essa opção pode surtir efeitos satisfatórios naqueles empreendimentos que não possuem um sistema contábil ou que nele não possamos confiar.
A simplicidade do modelo dos múltiplos de faturamento parece compatível com pequenos negócios (padarias, farmácias, etc.), em que os eventos econômicos associados às operações da entidade possuem baixo nível de complexidade e existe forte homogeneidade no setor.

Modelos dos múltiplos do fluxo de caixa
Há alguns anos, os múltiplos de fluxo de caixa têm substituído os múltiplos de lucros na avaliação de empresas.  O EBITDA ou (LAJIDA) é determinado e combinado com os multiplicadores, resultando num valor estimado para a empresa. O que se quer com o LAJIDA (lucros antes dos juros, impostos, depreciações, amortizações) é o valor do caixa, ou melhor, do potencial de geração do caixa (portanto valores antes de se considerarem as depreciações) produzido pelos ativos genuinamente operacionais (excluindo-se então as receitas financeiras que, nesse caso, não são o objetivo da empresa)
 O método dos múltiplos do fluxo de caixa tem seus fundamentos embasados na premissa de que um multiplicador deve ser definido subjetivamente para se aplicar ao fluxo de caixa a fim de que se obtenha o valor da empresa. Tratando-se de um modelo que se assemelha ao de capitalização dos lucros, por um índice que representa de forma coerente e tecnicamente bem elaborada, a realidade do mercado econômico e financeiro, uma vez que utiliza índices atualizados e taxas de riscos aceitáveis à realidade exposta.
Modelo baseado no Eva
Segundo Stewart (1991), é possível obter o valor de uma empresa com base no lucro econômico, ou seja, Valor de mercado = valor presente dos EVA (Valor econômico agregado) + Capital.
O Eva é uma medida de avaliação de performance, é uma informação obtida em termos de valor, podendo ser calculado em análises retrospectivas quanto para análises prospectivas, o Eva é sempre calculado em uma unidade de tempo (mês, trimestre, ano, etc.). Calculando então o valor presente do EVA projetando e adicionando o capital empregado para apurar assim o valor da empresa através do método de modelo de avaliação EVA.

Fluxo de caixa descontado
            Dentre os modelos mencionados o fluxo de caixa é enfatizado como sendo aquele que melhor evidencia a efetiva capacidade de geração de riqueza de um determinado empreendimento. Como indicador de potencialidade de geração de reditos positivos, o fluxo de caixa demonstra a eficácia esperada de um negocio.

Valor da empresa e valor para os acionistas
            A diferença do valor econômico da empresa e o valor para acionistas consiste no fato de que o primeiro representa o potencial de geração de riqueza que os ativos da empresa propiciam, ou esperam-se que venham a propiciar, independentemente do seu mecanismo de financiamento. Se esta empresa fosse financiada exclusivamente com capitais próprios, chegaríamos ao valor da empresa, e desse valor para se chegar ao patrimônio liquido, teríamos que deduzir o valor de mercado de todas as dividas de financiamento contraídas junto a terceiros.

Fluxo de caixa livre
            O fluxo de caixa livre representa um ferramental bastante interessante e eficiente na avaliação das empresas. Ele é originado na empresa logo após as deduções de impostos, investimentos permanentes e variações esperadas no capital circulante líquido. Importa ressaltar que o fluxo de caixa livre disponível aos donos do capital não deve ser confundido com o fluxo de caixa tradicional. Isso deve-se a premissa de que o FCL é gerado pelas operações correntes da empresa e, esta disponível para a distribuição.

Período de projeção
           Indica a quantidade de períodos (anos, meses, semestres) sobre os quais pode-se projetar  os fluxos de caixa com um nível razoável de perspectiva de realização. Geralmente o período de projeção é determinado pela natureza do empreendimento permeado pelo grau de previsibilidade das variáveis inerentes. 

Valor da perpetuidade
          É aquele que o negocio possuirá após o período de projeção, sendo usualmente estimado com base no fluxo de caixa livre do ultimo período de projeção.  Este elemento pode ser um dos fatores mais importantes para a avaliação de uma empresa. O valor da perpetuidade é influenciado pela expectativa de crescimento logo após o período de projeção.

Taxa de desconto
          Levando-se em consideração que o fluxo de caixa livre e o valor da perpetuidade devem ser apresentados em valores presentes, a taxa de desconto funciona como um custo de oportunidade. A taxa escolhida compreende o custo médio ponderado do capital, em decorrência da sua capacidade implícita de absorver os riscos associados a determinado negocio.

Aprimorando os modelos
          Cada um dos modelos (ou métodos) apresentados têm suas próprias características e fornecem informações diferenciadas. Contudo, devem proporcionar resultados financeiros equivalentes, quando empregada à mesma base de dados. No processo de avaliação de empresas, algumas razões devem ser levadas em consideração, como: compra e venda de negócios, fusão, cisão e incorporação de empresas, dissolução de sociedades, liquidação de empresas, etc. Como a determinação do valor de uma empresa é uma tarefa das mais complexas, exige-se coerência e rigor na formulação do modelo (ou método) de cálculo, selecionando rigorosamente as premissas e utilizando um modelo de projeção adequado, que garanta uma melhor avaliação econômica da empresa, objetivando alcançar o valor justo.
          Diante do exposto, são propostas as seguintes sugestões com o intuito de aperfeiçoar as ferramentas mencionadas anteriormente, quais sejam:
1- Valor Presente Ajustado (VPA); e
2- Opções.

Valor presente ajustado (vpa)
           O Valor Presente Ajustado (VPA) é um método que se baseia diretamente na sistemática de valorização com benefícios fiscais. De acordo com Brealey e Myers (1996:525), o VPA, ajusta os fluxos de caixa e valores presentes pelos custos e benefícios associados aos financiamentos. Esse método também evidencia com maior transparência as origens do valor de um empreendimento.

Opções
            Ao se avaliar uma empresa, leva-se em consideração as habilidades dos gestores de gerar riqueza para os acionistas, com base na estimativa de seu fluxo futuro de caixa. Como o ambiente que cerca uma empresa é bastante dinâmico, e ela tem que se adaptar às novas realidades do mundo empresarial, uma das formas de representar a flexibilidade e a capacidade da empresa em adaptar-se ao ambiente ao qual está inserida, seria por meio das opções do mercado financeiro. As opções associadas aos investimentos, além de proporcionarem flexibilidade, criariam riqueza, pois auxiliariam nos processos de tomada de decisões e na aplicação e captação de recursos. Essas opções proporcionam o direito de compra ou venda de ativos a um preço predeterminado.
           Portanto, o uso das opções pode ser muito útil para a mensuração das oportunidades associadas aos investimentos, tomada de decisões e captação de recursos, com o intuito de gerar riqueza para os acionistas.

Referências:
PEREZ, M.M. FAMÁ, Rubens. Métodos de avaliação de empresas e o balanço de determinação. Disponível em: < www.ead.fea.usp.br/.../005Fin%20>. Acessado em 20/07/2012.
MARTINS, Eliseu. Avaliação de empresas: da mensuração contábil à econômica. São Paulo: Atlas, 2001.

Autores:
Alunos do 7º Semestre do Curso de Ciências Contábeis da UESB:
  • Diego Barbosa
  • George Santos
  • Rodrigo  Neves
  • Vinicius Alves
  • Werley Novais
 Matéria postada por Werley Novais.