segunda-feira, 25 de abril de 2011

Internet, Autoridade Intelectual e Contabilidade

                                                                                                                                                       
Paulo Pires

                As civilizações vivem mergulhadas em um emaranhado de informações e os homens, por sabedoria intuitiva ou não, fazem questão de se alhearem a esse amontoado de dados porquanto quase nada do que deles se extrai é particularmente interessante ao executivo público, executivo privado ou mesmo ao cidadão comum.
A Internet registra por hora mais de quatro milhões de novos dados caracterizados por revelações pautadas em informações autênticas e/ou deturpações intencionais dirigidas a bilhões de usuários nem sempre ou quase nada preparados para separar o joio do trigo. Levando em conta os números de informações por hora, significa que por dia há em média 100 milhões de novos e velhos dados recauchutados com o desejo de se tornarem conhecidas. Mais assombroso ainda: Esses dados totalizam em média três bilhões de informações mensais e, devemos admitir sob o ponto de vista da racionalidade humana, não há cérebro capaz de armazenar [warehouse] analisar, interpretar e reproduzir corretamente tantos elementos ao mesmo tempo.
 A grande questão é saber distinguir o desnecessário daquilo que é imprescindível. O que é importante e interessante?  Eis uma questão que há anos vem movendo o espírito analítico do filósofo francês Roger Chartier. Este filósofo-professor [discípulo de Foucault] talvez seja entre os pensadores franceses da atualidade o mais cosmopolita. Sua biografia o menciona como membro do Conselho de Estudos Europeus de Harvard, professor da Universidade da Pensilvânia e Professor titular de Escrita e Cultura da Europa Moderna do Colégio de França, entre outros títulos e ocupações. Trata-se, pois, de um pensador com autoridade intelectual suficiente para manejar e publicizar ideias avançadas em relação ao Conhecimento.
Em uma de suas páginas diz o professor Chartier: “Um bom leitor é alguém que evita um certo número de livros. Um bom bibliotecário é um jardineiro que poda sua Biblioteca”. Refletindo sobre esse enunciado, vi-me obrigado a andar com ele prá cima e prá baixo na tentativa de interpor uma enantiose (antítese). Confesso minha frustração. Realmente, se buscarmos suporte em Montaigne (este um pensador eterno e imprescindível do Ocidente) haveremos de nos conformar e admitir sem maiores vacilações que o professor Chartier está correto. Montaigne repetia que “é melhor um cabeça bem feita do que uma cabeça cheia”. Sim. É melhor empreendermos um mergulho intelectual em meia dúzia de autores de alta densidade do que ocuparmos nosso cérebro com centenas de autores, pensadores e formuladores de baixa profundidade.
O que ocorre com a Internet é exatamente isso. Muitas informações apresentadas por essa imprescindível ferramenta precisam ser avaliadas com cautela e até mesmo questionadas. Nem tudo que está postado em seu espaço serve como referência para nossos trabalhos. Em sua última vinda ao Brasil, fazendo uma palestra na USP o professor Chartier, para ilustrar suas advertências, disse haver encontrado, com perplexidade, quatorze sites [portais, blogs] enaltecendo ou abrandando a questão ignominiosa do Holocausto. As distorções históricas desses sites o deixaram atônito.
Com o advento do Dia do Contabilista [25 de abril], aproveitamos o ponto e o contraponto relacionados à questão da Informação, para afirmarmos sem o germe do corporativismo [comum a quem defende sua profissão com unhas e dentes] ser hoje a Contabilidade o melhor e mais completo Sistema de Informações sobre as Entidades Públicas e Privadas à disposição da Humanidade. Insere-se neste espaço e com essa dimensão por ser a mais robusta, a mais objetiva das Ferramentas para se conhecer a posição Econômico-Financeira-Patrimonial das Organizações. Hoje e sempre estará na vanguarda dos instrumentos para desvendar com objetividade, extensão e profundidade todas as Estruturas Econômico-sociais em suas Internalidades e Externalidades relacionais.

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