quarta-feira, 13 de março de 2013



Técnicos do FMI põem em questão os balanços de bancos europeus



Técnicos do Fundo Monetário Internacional (FMI) provocaram uma disputa acirrada com autoridades da zona euro, ao divulgarem estimativas revelando sérios problemas nos balanços patrimoniais de bancos europeus devido à integridade duvidosa de suas carteiras de dívida soberana de países da zona do euro.

A análise, discutida pela diretoria executiva do FMI, foi enfaticamente refutada pelo Banco Central Europeu BCE) e por governos da zona do euro, que a qualificaram de parcial e enganosa.

O estudo do FMI, contido em uma versão preliminar de seu Relatório sobre a Estabilidade Financeira Mundial, usa os preços de swaps de risco de crédito (CDS, em inglês) para estimar o valor de mercado de títulos dos governo dos três países da zona euro que estão recebendo socorro do FMI - Irlanda, Grécia e Portugal - bem como da Itália, Espanha e Bélgica.

Embora a análise do FMI possa ser revista, dois técnicos disseram que uma estimativa mostrou que a marcação a mercado de títulos soberanos reduziria o capital comum tangível - indicador básico da base de capital - dos bancos europeus em cerca de €200 bilhões (US$ 287 bilhões), ou seja, uma redução de 10% a 12%. O impacto poderá crescer substancialmente, talvez para o dobro, devido ao efeito dominó que a posse de ativos de bancos europeus por outros bancos europeus pode provocar.

Tanto o BCE como os governos da zona do euro contestaram essas estimativas.

Elena Salgado, ministra das Finanças da Espanha, disse ao "Financial Times" ontem que o FMI está errado em considerar apenas prejuízos potenciais, sem também levar em conta os "bunds" alemães, que subiram de preço, existentes em suas carteiras de ativos.

"A visão do FMI é tendenciosa", disse ela. "Eles só veem a parte ruim do debate."

Salgado acrescentou: "Essa é a segunda vez em que isso acontece", referindo-se ao relatório do Fundo publicado em outubro de 2009, que estimava que os bancos da zona do euro tinham depreciado apenas US$ 347 bilhões dos US$ 814 bilhões em prováveis prejuízos decorrentes da crise financeira.

Posteriormente, o FMI revisou para baixo aquele total de prejuízos prováveis, reduzindo-o em 25%. Salgado disse que os testes de estresse aplicados nos bancos europeus dão uma indicação melhor de suas vulnerabilidades.

Técnicos envolvidos no debate dizem que a análise baseada em remarcação a mercado pode explicar grande parte da recente queda nas cotações de ações dos bancos comerciais europeus, inclusive de instituições francesas e alemãs, que têm grandes exposição à dívida soberana da zona do euro.

"A remarcação a mercado envolve reduções relativamente brutais, mas essas são as estimativas que os fundos hedge estão utilizando, atualmente", disse um técnico. Isso vai de encontro às críticas aos bancos europeus divulgadas pela Diretoria de Normas Contábeis Internacionais (IASB, na sigla em inglês), que define regras de contabilidade bancária à Diretoria de Normas Contábeis Internacionais (IASB, na sigla em inglês), agência fiscalizadora dos mercados na União Europeia.

Financial Times

Fonte: Jornal Contábil.

Matéria postada por Werley Novais

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