Plano de Negócios x Modelo de
Negócios
A cada dia, fica mais evidente que ambas as
ferramentas são úteis em situações diferentes.
A partir de 2010, quando Alexander Osterwalder
apresentou ao mundo seu livro “Business Model Generation”, inovador em
forma e conteúdo, imediatamente nasceu a polêmica sobre se “Modelo de Negócios”
(MN) destronaria o “Plano de Negócios” (PN) como a melhor ferramenta para
planejamento de empreendimentos. Ânimos acirrados dos dois lados, as discussões
pareciam não ter fim. Baixada a poeira, fica cada vez mais evidente que ambas
as ferramentas são úteis em situações peculiarmente diferentes.
Desnecessário explicar e defender PN.
Consagrada por anos entre acadêmicos, investidores e empreendedores, a
construção de um PN é uma excelente alternativa para o planejamento de um
empreendimento quando o negócio tem um passado, ou seja, existe uma história
com números, estatística, enfim, resultados reais que podem ser consultados. PN
funciona melhor quando se conhece com razoável grau de qualidade as principais
variáveis do negócio (por exemplo, o segmento de clientes, o dilema
problema/solução, como deve ser a distribuição, qual a elasticidade do preço
etc). Por mais que o conhecimento do passado não seja garantia de
previsão do futuro, se a empresa tem uma história, se o comportamento do
mercado para este tipo de produto é conhecido, etc, há certa previsibilidade e
o planejamento é muito facilitado pelo PN. Isto acontece em geral em
empresas que já estão estabelecidas e conhecem bem seu mercado e seus
produtos. PN é uma ferramenta melhor quando se parte de certezas.
O outro lado da moeda tem mais a ver com MN. Não
por acaso o livro do Osterwalder tem sido disseminado pelos quatro cantos do
mundo como uma espécie de panaceia divina para empreendedores. MN é
inegavelmente a melhor alternativa para se planejar o futuro empreendimento nos
casos em que há poucos subsídios sobre quem de fato é o cliente e qual é seu
real problema (o chamado “job to be done”), quando não se faz ideia de
qual solução seja mais adequada, nem de como ela deve ser produzida, entregue e
quanto deve custar, enfim, quando se está no escuro em relação a qual a melhor
oferta para uma demanda não identificada. MN é claramente uma ferramenta ideal
para as situações em que tudo que se tem são hipóteses e a maior parte delas
não testadas, isto é, precisamente para o caso de Startups, quando não
se tem um passado de onde aprender e calibrar as estimativas. MN é uma
ferramenta melhor quando se parte de incertezas.
Evidentemente que com os devidos cuidados, você
pode usar tanto PN quanto MN em uma ou outra situação. Além disto, não se
trata somente de qual ferramenta é melhor, mas ainda mais importante é o grau
de expertise e confiança que se tem com uma ou com outra. Não existem
regras invioláveis, mas existem melhores práticas. Use o que funcionar
melhor para você para que o empreendimento venha a funcionar bem no mercado.
Marcelo Salim é sócio de empresas em diferentes segmentos do
mercado e coordenador do CEI - Centro de Empreendedorismo Ibmec, Empreendedor
Endeavor desde 2000.
Fonte: EndeavorBrasil.
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