AVALIAÇÃO DE EMPRESAS
Introdução
A Avaliação de Empresas tem ganhado grande importância no meio empresarial com
o grande avanço da competitividade e de estratégias de sobrevivência no
mercado. Seja por fusões, cisões ou incorporações as empresas buscam
alternativas cada vez mais ousadas para se manterem no mercado. Em outros
momentos as técnicas para avaliação de empresas norteiam contratos de compra e
venda, dissoluções de sociedades, liquidação de empreendimentos ou avaliação de
habilidade dos gestores de gerar riqueza para os acionistas (Martins, 2001,
Avaliação de Empresas).
Mesmo baseando-se em métodos e modelos quantitativos a avaliação de empresas
não se resume em resultados exatos, pois trabalha com premissas e hipóteses
subjetivas. Sendo assim, o processo de avaliação pode variar de acordo a visão
dos agentes, em que, uns podem enfatizar as ameaças e outros as possibilidades
de implantação de ajustes estratégicos geradores de bons retornos.
Na avaliação de empresas deve-se usar uma gama variada de métodos e índices que
permitam expressar, com maior aproximação possível, a real situação da empresa
avaliada. Entretanto existem hipóteses em que determinados métodos de avaliação
podem ser mais consistentes de acordo com as premissas de avaliação, se
tornando tecnicamente mais adequado dada à circunstancia de avaliação e a
qualidade das informações disponíveis. É importante deixar claro que a
qualidade das informações obtidas influencia diretamente na qualidade dos
trabalhos a avaliação a serem desenvolvidos.
A avaliação de empresas é extremamente útil para usuários com as mais variadas
necessidades. Especialmente para os usuários externos implantar-se-á um modelo
de avaliação para que o interessado em estabelecer negócios com a entidade
avaliada seja capaz de julgar a situação da empresas à qual espera manter
negócios, seja como cliente, fornecedor, investidor, etc.
Considerando o atual patamar das complexas e exigentes relações empresariais, a
avaliação de empresas tem ganha cada vez mais importância para guiar as partes
interessadas em estabelecer relações empresariais.
Conceito de Valor
As empresas devem, do decorrer de sua
existência, estabelecer suas metas, missão e seus valores a serem perseguidos.
O conceito de Valor é de extrema importância para a compreensão do processo de
avaliação de empresas.
Partindo de um conceito econômico, valor
é o grau de utilidade que os consumidores estabelecem para o seu consumo
diário, sendo estes, assim, quem determinam o valor incutido a cada bem ou
serviço adquirido. Conforme PAIVA (2001,2) “No campo econômico, “valor” pode ser entendido como a apreciação feita por
um indivíduo (num dado tempo e espaço), da importância de um bem, com base em
sua utilidade (objetiva e subjetiva)”. Embasando-se em conceitos subjetivos o
conceito de valor não é claramente mensurável, por se condicionar ao “gosto” e
“utilidade” que cada indivíduo estabelece em seu instante de necessidade.
Em se
tratando de avaliação de empresas o valor pode ser calculado de diferentes
formas como o valor contábil, valor da bolsa de valores, valor de mercado,
valor de liquidação, valor econômico, etc. Sendo assim, o valor se relaciona e
depende de vários fatores, muitos deles subjetivos. Quando da avaliação
de empresas busca-se mensurar a capacidade da empresa em agregar valor aos seus
produtos visando potencializar o retorno econômico de cada bem ou serviço
disponibilizado por esta.
O valor de
uma empresa pode ser, em tese, simplesmente fazer o que todas as outras fazem,
porém com mais eficiência e qualidade no produto ou bem final. Como exemplo
poderemos observar uma cadeia logística bem estruturada e planejada, que
permita menos custos, qualidade em entrega dos produtos adquiridos e o
atendimento personalizado ao cliente, garantindo-lhe maior conforto.
Também, um bom exemplo de como o valor pode potencializar um produto, é
verificado na linha de produção da Ford, no início do século XX, onde se
aumentou a produção com custos menores e incutiu em cada produto a qualidade da
produção, confiabilidade de fornecimento e uma marca que inovou o processo de
produção, servindo de base para os modelos de economia de escala que se
desenvolve na contemporaneidade.
Métodos usuais de avaliação de empresas
Os métodos ou modelos para avaliar uma empresa vão depender do propósito da
avaliação, devendo levar em consideração características próprias e interesses
dos que estão avaliando. Vários são os modelos existentes, e a maioria deles
são classificados como:
1. Técnicas comparativas de mercado;
2. Técnicas baseadas em ativos e passivos
contábeis ajustados;
3. Técnicas baseadas no desconto de fluxo
futuros de benefícios.
Cada técnica dessas possuem vários modelos que poderão ser utilizados pelos
avaliadores, sendo que esse irá escolher aqueles em que se adeque ou atenda
melhor as suas necessidades e expectativas. Nenhum dos modelos devem ser
considerados melhor ou pior que outro, pois todos trabalham um aspecto
específico, e fornecem informações diferentes que servirão para realizar a
análise.
Normalmente, os avaliadores utilizam vários modelos para analisar a empresa,
fazendo com que as informações obtidas com um modelo possam complementar os
resultados de outras técnicas. Assim, os avaliadores conseguem obter diferentes
visões e informações a cerca das empresas.
Método de avaliação Patrimonial
Contábil
Esse método normalmente é utilizado pelas empresas que tem os ativos mensurados
pelos princípios contábeis, e que não divergem muito dos valores de mercado.
Como está baseada nas demonstrações financeiras da empresa, deve ter um cuidado
maior ao avaliar a empresa apenas por esse método, pois muitas vezes não
fornecem informações que são relevantes para as empresas.
Método de avaliação patrimonial pelo
mercado
Esse modelo consiste na mensuração dos conjuntos de ativos e passivos exigíveis
com base no valor de mercado de seus itens específicos. Apesar de ser utilizada
para um número maior de situação, esse modelo costuma desconsiderar benefícios
líquidos futuros que tais ativos e passivos poderiam gerar para a empresa.
Método baseado no P/L de ações
similares
Esse modelo realiza uma comparação entre empresas que possuem as mesmas
características. É observada a relação entre o preço e o lucro por ação das
outras entidades, e realizada a multiplicação pelo lucro da avaliada, chegando
assim a suposto valor. Em um mercado eficiente, essa conta contribuiria como
uma medida para comparar os preços das ações.
Modelo de capitalização dos lucros
Este modelo visa capitalizar os lucros
médios ponderados, antes dos juros e tributos, a uma taxa subjetivamente
determinada. Naturalmente, o fator de capitalização é o elemento mais polêmico.
Em pequenos negócios que apresentam certa tradição de lucratividade, a taxa de
capitalização geralmente é fixa entre 33% e 17%. Ela também pode ser expressa
em múltiplos (6,3 etc.)
Tem sua maior limitação vinculada ao
fato de utilizar o lucro apurado pela contabilidade tradicional, por valores
históricos, tido como defasados é considerado de difícil aplicabilidade, visto
que não existem fórmulas de cálculo explicitamente definidas ou um caminho
pré-determinado a executar, ensejando possibilidade de se obter diferentes
resultados, dependendo do referencial utilizado pelos avaliadores.
Modelo dos múltiplos de faturamento
O modelo dos múltiplos de faturamento
consiste numa versão simplificada do modelo de capitalização dos lucros. Talvez
por isso ele seja tão frequentemente utilizado. Como o nome sugere, o
lucro contábil é substituído pelo faturamento da empresa, tornando irrelevantes
as informações sobre os demais itens do resultado do exercício. Essa opção pode
surtir efeitos satisfatórios naqueles empreendimentos que não possuem um
sistema contábil ou que nele não possamos confiar.
A simplicidade do modelo dos múltiplos
de faturamento parece compatível com pequenos negócios (padarias, farmácias,
etc.), em que os eventos econômicos associados às operações da entidade possuem
baixo nível de complexidade e existe forte homogeneidade no setor.
Modelos dos múltiplos do fluxo de caixa
Há alguns anos, os múltiplos de fluxo
de caixa têm substituído os múltiplos de lucros na avaliação de empresas.
O EBITDA ou (LAJIDA) é determinado e combinado com os multiplicadores,
resultando num valor estimado para a empresa. O que se quer com o LAJIDA (lucros
antes dos juros, impostos, depreciações, amortizações) é o valor do caixa, ou
melhor, do potencial de geração do caixa (portanto valores antes de se
considerarem as depreciações) produzido pelos ativos genuinamente operacionais
(excluindo-se então as receitas financeiras que, nesse caso, não são o objetivo
da empresa)
O método dos múltiplos do fluxo
de caixa tem seus fundamentos embasados na premissa de que um multiplicador
deve ser definido subjetivamente para se aplicar ao fluxo de caixa a fim de que
se obtenha o valor da empresa. Tratando-se de um modelo que se assemelha ao de
capitalização dos lucros, por um índice que representa de forma coerente e
tecnicamente bem elaborada, a realidade do mercado econômico e financeiro, uma
vez que utiliza índices atualizados e taxas de riscos aceitáveis à realidade
exposta.
Modelo baseado no Eva
Segundo Stewart (1991), é possível
obter o valor de uma empresa com base no lucro econômico, ou seja, Valor de
mercado = valor presente dos EVA (Valor econômico agregado) + Capital.
O Eva é uma medida de avaliação de
performance, é uma informação obtida em termos de valor, podendo ser calculado
em análises retrospectivas quanto para análises prospectivas, o Eva é sempre
calculado em uma unidade de tempo (mês, trimestre, ano, etc.). Calculando então
o valor presente do EVA projetando e adicionando o capital empregado para
apurar assim o valor da empresa através do método de modelo de avaliação EVA.
Fluxo de caixa descontado
Dentre os modelos mencionados o fluxo de caixa é enfatizado como sendo aquele
que melhor evidencia a efetiva capacidade de geração de riqueza de um
determinado empreendimento. Como indicador de potencialidade de geração de
reditos positivos, o fluxo de caixa demonstra a eficácia esperada de um
negocio.
Valor da empresa e valor para os acionistas
A diferença do valor econômico da empresa e o valor para acionistas consiste no
fato de que o primeiro representa o potencial de geração de riqueza que os
ativos da empresa propiciam, ou esperam-se que venham a propiciar,
independentemente do seu mecanismo de financiamento. Se esta empresa fosse
financiada exclusivamente com capitais próprios, chegaríamos ao valor da
empresa, e desse valor para se chegar ao patrimônio liquido, teríamos que
deduzir o valor de mercado de todas as dividas de financiamento contraídas
junto a terceiros.
Fluxo de caixa livre
O fluxo de caixa livre representa um ferramental bastante interessante e
eficiente na avaliação das empresas. Ele é originado na empresa logo após as
deduções de impostos, investimentos permanentes e variações esperadas no
capital circulante líquido. Importa ressaltar que o fluxo de caixa livre
disponível aos donos do capital não deve ser confundido com o fluxo de caixa
tradicional. Isso deve-se a premissa de que o FCL é gerado pelas operações
correntes da empresa e, esta disponível para a distribuição.
Período de projeção
Indica a quantidade de períodos (anos, meses, semestres) sobre os quais pode-se
projetar os fluxos de caixa com um nível razoável de perspectiva de
realização. Geralmente o período de projeção é determinado pela natureza do
empreendimento permeado pelo grau de previsibilidade das variáveis
inerentes.
Valor da perpetuidade
É aquele que o negocio possuirá após o período de projeção, sendo usualmente
estimado com base no fluxo de caixa livre do ultimo período de projeção.
Este elemento pode ser um dos fatores mais importantes para a avaliação de uma
empresa. O valor da perpetuidade é influenciado pela expectativa de crescimento
logo após o período de projeção.
Taxa de desconto
Levando-se em consideração que o fluxo de caixa livre e o valor da perpetuidade
devem ser apresentados em valores presentes, a taxa de desconto funciona como
um custo de oportunidade. A taxa escolhida compreende o custo médio ponderado
do capital, em decorrência da sua capacidade implícita de absorver os riscos
associados a determinado negocio.
Aprimorando os modelos
Cada um dos modelos (ou métodos) apresentados têm suas próprias características
e fornecem informações diferenciadas. Contudo, devem proporcionar resultados
financeiros equivalentes, quando empregada à mesma base de dados. No processo
de avaliação de empresas, algumas razões devem ser levadas em consideração,
como: compra e venda de negócios, fusão, cisão e incorporação de empresas,
dissolução de sociedades, liquidação de empresas, etc. Como a determinação do
valor de uma empresa é uma tarefa das mais complexas, exige-se coerência e
rigor na formulação do modelo (ou método) de cálculo, selecionando
rigorosamente as premissas e utilizando um modelo de projeção adequado, que
garanta uma melhor avaliação econômica da empresa, objetivando alcançar o valor justo.
Diante do exposto, são propostas as seguintes sugestões com o intuito de
aperfeiçoar as ferramentas mencionadas anteriormente, quais sejam:
1- Valor Presente Ajustado (VPA); e
2- Opções.
Valor presente ajustado (vpa)
O Valor Presente Ajustado (VPA) é um método que se baseia diretamente na
sistemática de valorização com benefícios fiscais. De acordo com Brealey e
Myers (1996:525), o VPA, ajusta os fluxos de caixa e valores presentes pelos
custos e benefícios associados aos financiamentos. Esse método também evidencia
com maior transparência as origens do valor de um empreendimento.
Opções
Ao se avaliar uma empresa, leva-se em consideração as habilidades dos gestores
de gerar riqueza para os acionistas, com base na estimativa de seu fluxo futuro
de caixa. Como o ambiente que cerca uma empresa é bastante dinâmico, e ela tem
que se adaptar às novas realidades do mundo empresarial, uma das formas de
representar a flexibilidade e a capacidade da empresa em adaptar-se ao ambiente
ao qual está inserida, seria por meio das opções do mercado financeiro. As
opções associadas aos investimentos, além de proporcionarem flexibilidade,
criariam riqueza, pois auxiliariam nos processos de tomada de decisões e na
aplicação e captação de recursos. Essas opções proporcionam o direito de compra
ou venda de ativos a um preço predeterminado.
Portanto, o uso das opções pode ser muito útil para a mensuração das
oportunidades associadas aos investimentos, tomada de decisões e captação de
recursos, com o intuito de gerar riqueza para os acionistas.
Referências:
PEREZ, M.M. FAMÁ,
Rubens. Métodos de avaliação de empresas e o balanço de determinação.
Disponível em: < www.ead.fea.usp.br/.../005Fin%20>. Acessado
em 20/07/2012.
MARTINS, Eliseu. Avaliação de empresas: da
mensuração contábil à econômica. São Paulo: Atlas, 2001.
Autores:
Alunos do 7º Semestre do Curso de Ciências
Contábeis da UESB:
- Diego Barbosa
- George Santos
- Rodrigo Neves
- Vinicius Alves
- Werley Novais
Matéria postada por Werley Novais.