segunda-feira, 6 de agosto de 2012


AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

 Introdução
           
              A Avaliação de Empresas tem ganhado grande importância no meio empresarial com o grande avanço da competitividade e de estratégias de sobrevivência no mercado. Seja por fusões, cisões ou incorporações as empresas buscam alternativas cada vez mais ousadas para se manterem no mercado. Em outros momentos as técnicas para avaliação de empresas norteiam contratos de compra e venda, dissoluções de sociedades, liquidação de empreendimentos ou avaliação de habilidade dos gestores de gerar riqueza para os acionistas (Martins, 2001, Avaliação de Empresas).
           Mesmo baseando-se em métodos e modelos quantitativos a avaliação de empresas não se resume em resultados exatos, pois trabalha com premissas e hipóteses subjetivas. Sendo assim, o processo de avaliação pode variar de acordo a visão dos agentes, em que, uns podem enfatizar as ameaças e outros as possibilidades de implantação de ajustes estratégicos geradores de bons retornos.
            Na avaliação de empresas deve-se usar uma gama variada de métodos e índices que permitam expressar, com maior aproximação possível, a real situação da empresa avaliada. Entretanto existem hipóteses em que determinados métodos de avaliação podem ser mais consistentes de acordo com as premissas de avaliação, se tornando tecnicamente mais adequado dada à circunstancia de avaliação e a qualidade das informações disponíveis. É importante deixar claro que a qualidade das informações obtidas influencia diretamente na qualidade dos trabalhos a avaliação a serem desenvolvidos.
            A avaliação de empresas é extremamente útil para usuários com as mais variadas necessidades. Especialmente para os usuários externos implantar-se-á um modelo de avaliação para que o interessado em estabelecer negócios com a entidade avaliada seja capaz de julgar a situação da empresas à qual espera manter negócios, seja como cliente, fornecedor, investidor, etc.
            Considerando o atual patamar das complexas e exigentes relações empresariais, a avaliação de empresas tem ganha cada vez mais importância para guiar as partes interessadas em estabelecer relações empresariais.

Conceito de Valor
As empresas devem, do decorrer de sua existência, estabelecer suas metas, missão e seus valores a serem perseguidos. O conceito de Valor é de extrema importância para a compreensão do processo de avaliação de empresas.
Partindo de um conceito econômico, valor é o grau de utilidade que os consumidores estabelecem para o seu consumo diário, sendo estes, assim, quem determinam o valor incutido a cada bem ou serviço adquirido. Conforme PAIVA (2001,2) “No campo econômico, “valor” pode ser entendido como a apreciação feita por um indivíduo (num dado tempo e espaço), da importância de um bem, com base em sua utilidade (objetiva e subjetiva)”. Embasando-se em conceitos subjetivos o conceito de valor não é claramente mensurável, por se condicionar ao “gosto” e “utilidade” que cada indivíduo estabelece em seu instante de necessidade.
Em se tratando de avaliação de empresas o valor pode ser calculado de diferentes formas como o valor contábil, valor da bolsa de valores, valor de mercado, valor de liquidação, valor econômico, etc. Sendo assim, o valor se relaciona e depende de vários fatores, muitos deles subjetivos.  Quando da avaliação de empresas busca-se mensurar a capacidade da empresa em agregar valor aos seus produtos visando potencializar o retorno econômico de cada bem ou serviço disponibilizado por esta.
O valor de uma empresa pode ser, em tese, simplesmente fazer o que todas as outras fazem, porém com mais eficiência e qualidade no produto ou bem final. Como exemplo poderemos observar uma cadeia logística bem estruturada e planejada, que permita menos custos, qualidade em entrega dos produtos adquiridos e o atendimento personalizado ao cliente, garantindo-lhe maior conforto.  Também, um bom exemplo de como o valor pode potencializar um produto, é verificado na linha de produção da Ford, no início do século XX, onde se aumentou a produção com custos menores e incutiu em cada produto a qualidade da produção, confiabilidade de fornecimento e uma marca que inovou o processo de produção, servindo de base para os modelos de economia de escala que se desenvolve na contemporaneidade.

Métodos usuais de avaliação de empresas
            Os métodos ou modelos para avaliar uma empresa vão depender do propósito da avaliação, devendo levar em consideração características próprias e interesses dos que estão avaliando. Vários são os modelos existentes, e a maioria deles são classificados como:
1.    Técnicas comparativas de mercado;
2.    Técnicas baseadas em ativos e passivos contábeis ajustados;
3.    Técnicas baseadas no desconto de fluxo futuros de benefícios.
            Cada técnica dessas possuem vários modelos que poderão ser utilizados pelos avaliadores, sendo que esse irá escolher aqueles em que se adeque ou atenda melhor as suas necessidades e expectativas. Nenhum dos modelos devem ser considerados melhor ou pior que outro, pois todos trabalham um aspecto específico, e fornecem informações diferentes que servirão para realizar a análise.
           Normalmente, os avaliadores utilizam vários modelos para analisar a empresa, fazendo com que as informações obtidas com um modelo possam complementar os resultados de outras técnicas. Assim, os avaliadores conseguem obter diferentes visões e informações a cerca das empresas.

Método de avaliação Patrimonial Contábil
           Esse método normalmente é utilizado pelas empresas que tem os ativos mensurados pelos princípios contábeis, e que não divergem muito dos valores de mercado. Como está baseada nas demonstrações financeiras da empresa, deve ter um cuidado maior ao avaliar a empresa apenas por esse método, pois muitas vezes não fornecem informações que são relevantes para as empresas.

Método de avaliação patrimonial pelo mercado
          Esse modelo consiste na mensuração dos conjuntos de ativos e passivos exigíveis com base no valor de mercado de seus itens específicos. Apesar de ser utilizada para um número maior de situação, esse modelo costuma desconsiderar benefícios líquidos futuros que tais ativos e passivos poderiam gerar para a empresa.

Método baseado no P/L de ações similares
           Esse modelo realiza uma comparação entre empresas que possuem as mesmas características. É observada a relação entre o preço e o lucro por ação das outras entidades, e realizada a multiplicação pelo lucro da avaliada, chegando assim a suposto valor. Em um mercado eficiente, essa conta contribuiria como uma medida para comparar os preços das ações.

Modelo de capitalização dos lucros
Este modelo visa capitalizar os lucros médios ponderados, antes dos juros e tributos, a uma taxa subjetivamente determinada. Naturalmente, o fator de capitalização é o elemento mais polêmico. Em pequenos negócios que apresentam certa tradição de lucratividade, a taxa de capitalização geralmente é fixa entre 33% e 17%. Ela também pode ser expressa em múltiplos (6,3 etc.)
Tem sua maior limitação vinculada ao fato de utilizar o lucro apurado pela contabilidade tradicional, por valores históricos, tido como defasados é considerado de difícil aplicabilidade, visto que não existem fórmulas de cálculo explicitamente definidas ou um caminho pré-determinado a executar, ensejando possibilidade de se obter diferentes resultados, dependendo do referencial utilizado pelos avaliadores.

Modelo dos múltiplos de faturamento
O modelo dos múltiplos de faturamento consiste numa versão simplificada do modelo de capitalização dos lucros. Talvez por isso ele seja tão frequentemente utilizado.  Como o nome sugere, o lucro contábil é substituído pelo faturamento da empresa, tornando irrelevantes as informações sobre os demais itens do resultado do exercício. Essa opção pode surtir efeitos satisfatórios naqueles empreendimentos que não possuem um sistema contábil ou que nele não possamos confiar.
A simplicidade do modelo dos múltiplos de faturamento parece compatível com pequenos negócios (padarias, farmácias, etc.), em que os eventos econômicos associados às operações da entidade possuem baixo nível de complexidade e existe forte homogeneidade no setor.

Modelos dos múltiplos do fluxo de caixa
Há alguns anos, os múltiplos de fluxo de caixa têm substituído os múltiplos de lucros na avaliação de empresas.  O EBITDA ou (LAJIDA) é determinado e combinado com os multiplicadores, resultando num valor estimado para a empresa. O que se quer com o LAJIDA (lucros antes dos juros, impostos, depreciações, amortizações) é o valor do caixa, ou melhor, do potencial de geração do caixa (portanto valores antes de se considerarem as depreciações) produzido pelos ativos genuinamente operacionais (excluindo-se então as receitas financeiras que, nesse caso, não são o objetivo da empresa)
 O método dos múltiplos do fluxo de caixa tem seus fundamentos embasados na premissa de que um multiplicador deve ser definido subjetivamente para se aplicar ao fluxo de caixa a fim de que se obtenha o valor da empresa. Tratando-se de um modelo que se assemelha ao de capitalização dos lucros, por um índice que representa de forma coerente e tecnicamente bem elaborada, a realidade do mercado econômico e financeiro, uma vez que utiliza índices atualizados e taxas de riscos aceitáveis à realidade exposta.
Modelo baseado no Eva
Segundo Stewart (1991), é possível obter o valor de uma empresa com base no lucro econômico, ou seja, Valor de mercado = valor presente dos EVA (Valor econômico agregado) + Capital.
O Eva é uma medida de avaliação de performance, é uma informação obtida em termos de valor, podendo ser calculado em análises retrospectivas quanto para análises prospectivas, o Eva é sempre calculado em uma unidade de tempo (mês, trimestre, ano, etc.). Calculando então o valor presente do EVA projetando e adicionando o capital empregado para apurar assim o valor da empresa através do método de modelo de avaliação EVA.

Fluxo de caixa descontado
            Dentre os modelos mencionados o fluxo de caixa é enfatizado como sendo aquele que melhor evidencia a efetiva capacidade de geração de riqueza de um determinado empreendimento. Como indicador de potencialidade de geração de reditos positivos, o fluxo de caixa demonstra a eficácia esperada de um negocio.

Valor da empresa e valor para os acionistas
            A diferença do valor econômico da empresa e o valor para acionistas consiste no fato de que o primeiro representa o potencial de geração de riqueza que os ativos da empresa propiciam, ou esperam-se que venham a propiciar, independentemente do seu mecanismo de financiamento. Se esta empresa fosse financiada exclusivamente com capitais próprios, chegaríamos ao valor da empresa, e desse valor para se chegar ao patrimônio liquido, teríamos que deduzir o valor de mercado de todas as dividas de financiamento contraídas junto a terceiros.

Fluxo de caixa livre
            O fluxo de caixa livre representa um ferramental bastante interessante e eficiente na avaliação das empresas. Ele é originado na empresa logo após as deduções de impostos, investimentos permanentes e variações esperadas no capital circulante líquido. Importa ressaltar que o fluxo de caixa livre disponível aos donos do capital não deve ser confundido com o fluxo de caixa tradicional. Isso deve-se a premissa de que o FCL é gerado pelas operações correntes da empresa e, esta disponível para a distribuição.

Período de projeção
           Indica a quantidade de períodos (anos, meses, semestres) sobre os quais pode-se projetar  os fluxos de caixa com um nível razoável de perspectiva de realização. Geralmente o período de projeção é determinado pela natureza do empreendimento permeado pelo grau de previsibilidade das variáveis inerentes. 

Valor da perpetuidade
          É aquele que o negocio possuirá após o período de projeção, sendo usualmente estimado com base no fluxo de caixa livre do ultimo período de projeção.  Este elemento pode ser um dos fatores mais importantes para a avaliação de uma empresa. O valor da perpetuidade é influenciado pela expectativa de crescimento logo após o período de projeção.

Taxa de desconto
          Levando-se em consideração que o fluxo de caixa livre e o valor da perpetuidade devem ser apresentados em valores presentes, a taxa de desconto funciona como um custo de oportunidade. A taxa escolhida compreende o custo médio ponderado do capital, em decorrência da sua capacidade implícita de absorver os riscos associados a determinado negocio.

Aprimorando os modelos
          Cada um dos modelos (ou métodos) apresentados têm suas próprias características e fornecem informações diferenciadas. Contudo, devem proporcionar resultados financeiros equivalentes, quando empregada à mesma base de dados. No processo de avaliação de empresas, algumas razões devem ser levadas em consideração, como: compra e venda de negócios, fusão, cisão e incorporação de empresas, dissolução de sociedades, liquidação de empresas, etc. Como a determinação do valor de uma empresa é uma tarefa das mais complexas, exige-se coerência e rigor na formulação do modelo (ou método) de cálculo, selecionando rigorosamente as premissas e utilizando um modelo de projeção adequado, que garanta uma melhor avaliação econômica da empresa, objetivando alcançar o valor justo.
          Diante do exposto, são propostas as seguintes sugestões com o intuito de aperfeiçoar as ferramentas mencionadas anteriormente, quais sejam:
1- Valor Presente Ajustado (VPA); e
2- Opções.

Valor presente ajustado (vpa)
           O Valor Presente Ajustado (VPA) é um método que se baseia diretamente na sistemática de valorização com benefícios fiscais. De acordo com Brealey e Myers (1996:525), o VPA, ajusta os fluxos de caixa e valores presentes pelos custos e benefícios associados aos financiamentos. Esse método também evidencia com maior transparência as origens do valor de um empreendimento.

Opções
            Ao se avaliar uma empresa, leva-se em consideração as habilidades dos gestores de gerar riqueza para os acionistas, com base na estimativa de seu fluxo futuro de caixa. Como o ambiente que cerca uma empresa é bastante dinâmico, e ela tem que se adaptar às novas realidades do mundo empresarial, uma das formas de representar a flexibilidade e a capacidade da empresa em adaptar-se ao ambiente ao qual está inserida, seria por meio das opções do mercado financeiro. As opções associadas aos investimentos, além de proporcionarem flexibilidade, criariam riqueza, pois auxiliariam nos processos de tomada de decisões e na aplicação e captação de recursos. Essas opções proporcionam o direito de compra ou venda de ativos a um preço predeterminado.
           Portanto, o uso das opções pode ser muito útil para a mensuração das oportunidades associadas aos investimentos, tomada de decisões e captação de recursos, com o intuito de gerar riqueza para os acionistas.

Referências:
PEREZ, M.M. FAMÁ, Rubens. Métodos de avaliação de empresas e o balanço de determinação. Disponível em: < www.ead.fea.usp.br/.../005Fin%20>. Acessado em 20/07/2012.
MARTINS, Eliseu. Avaliação de empresas: da mensuração contábil à econômica. São Paulo: Atlas, 2001.

Autores:
Alunos do 7º Semestre do Curso de Ciências Contábeis da UESB:
  • Diego Barbosa
  • George Santos
  • Rodrigo  Neves
  • Vinicius Alves
  • Werley Novais
 Matéria postada por Werley Novais.

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